A evolução é ‘fato, Fato, FATO’! Como? Os bicos dos tentilhões encolheram!

sexta-feira, julho 14, 2006

Pássaros exibem seleção natural em tempo real
Rafael Garcia – Reportagem local da Folha de São Paulo

Durma-se com um barulho desses: se o que esses cientistas flagraram de mudança em tempo real em aves de Galápagos ilustra o conceito clássico de biologia – a seleção natural como mecanismo evolutivo, nós estamos numa roubada epistêmica e os nossos alunos vão precisar de melhores exemplos alternativos de ‘seleção natural em tempo real’ nos livros didáticos. Puro desespero da Nomenklatura científica tentando junto à Grande Mídia internacional e tupiniquim ‘salvar’ a cara de Darwin.



O jornalista Rafael Garcia, ex-Galileu, e agora na FSP temos algo em comum – nós conhecemos Denyse O’Leary, uma jornalista canadense. Eu a conheci pela internet, e ele pessoalmente num congresso de jornalistas científicos no Canadá.

Subjetivismo de lado, vamos ao que realmente interessa – a observação por Peter e Rosemary Grant, da Universidade de Princeton do ‘fenômeno da seleção natural entre espécies de pássaros do início ao fim’ nas ilhas Galápagos. Uma correção histórica – as aves foram apenas coletadas por Darwin, e enviadas para a Inglaterra. Elas foram ‘estudadas’ por John Gould, ornitólogo inglês do século 19.

O que os Grants observaram em 33 anos de pesquisas? Uma espécie se transmutando noutra espécie? Não, apenas a ‘redução do tamanho médio de bicos em uma população de tentilhões-da-terra-médios’ (Geospiza fortis) que já tinham, NOTA BENE, já tinham bicos pequenos!

Isso é chamado de deslocamento de caráter (“character displacement”) – quando uma espécie adquire características diferentes em razão da competição com outra. Em 1982, uma população de tentilhões-da-terra-grandes (G. magnirostris) magnirostris) invadiram a ilha de Daphne Maior, competindo por comida com a população dominadora de tentilhões-da-terra-médios’ G. fortis.

O fenômeno evolutivo estudado pelos Grants está na edição da revista “Science”

As duas populações de tentilhões conviveram sem problemas porque a oferta de comida – grandes sementes de árvore do gênero Tribulus - era abundante. Na seca de 2003, os pássaros quase esgotaram o estoque alimentar. Muitos G. fortis morreram de fome. Os G. manirostris sobreviveram, ao contrário do afirmado por Garcia, não porque eram mais hábeis em achar as sementes, mas porque eles tinham melhores bicos para quebrar as raras sementes grandes.

Essa mudança morfológica específica ocorrida – a diminuição de tamanho do bico no G. fortis, devido à competição com o G. magnirostris, foi considerada pelos Grants como sendo “a mais forte mudança evolutiva vista nos 33 anos de estudo”.

Mas o que isso significa em termos evolutivos? A mudança média no tamanho de bico foi cerca de 0.7% dos desvios padrões, mas considerado “excepcionalmente grande” no ponto de vista deles. Na verdade isso representa uma diminuição de menos de 1 (um) milímetro em média, ou 5%.

Após o fim da seca, a população de G. fortis (que já tinha bicos pequenos) aumentou. No período de estresse, eles precisavam de um bico bom para quebrar sementes pequenas, já que não tinham condições de competir pelas grandes. E a característica de bico pequenos que já tinham acabou permanecendo.

Embora o deslocamento de caráter já tivesse sido postulado teoricamente e observado em laboratório, foi a primeira vez relatado ocorrendo na natureza. Surpreendentemente os Grants iniciaram o artigo afirmando que ninguém havia estudado isso antes. “O processo de deslocamento de caráter ocorrendo na natureza, do encontro inicial dos competidores à mudança evolutiva em um ou mais deles como resultado de seleção natural direcional [sic]”, “não tinha sido previamente investigado”.

Cabe aqui o espanto geral de todos os céticos e crentes em Darwin, um espanto apopléctico ou de epifania epistêmica. Considerando-se a ‘fama’ dessas aves, como são usadas inadequadamente para apoiar e incentivar a ampla aceitação das especulações transformistas de Darwin com o número imenso de pesquisas evolutivas realizadas desde 1859, a diminuição do tamanho de bicos de aves apóia o FATO da evolução???

Garcia não destacou no seu artigo, mas apesar desse sucesso aparente, os Grants advertiram que “experiências replicadas com organismos adequados são necessárias para demonstre definitivamente o papel causal da competição, não somente como um ingrediente de seleção natural de características de exploração de recursos mas como um fator na sua evolução”.

Foram 33 anos de pesquisa e os Grants não têm certeza que estabeleceram uma relação definitiva de causa e efeito entre a competição e a seleção natural, muito menos que isso seja evidência a favor do FATO da evolução.

Parece que a ornitóloga Elizabeth Höfling, da USP, que disse ser o estudo é uma confirmação importante de mecanismos que estão por trás do processo de origem das espécies, não leu o artigo dos Grants.

O biólogo Jonathan Losos, da Universidade Harvard disse precipitadamente – “Esse estudo vai se tornar um clássico para os manuais instantaneamente”. Ele se esqueceu que um dos ícones de evolução em ação na natureza, as mariposas de ManchesterBiston betularia – após sérios estudos e pesquisas se mostrou fraudulento e inadequado para apoiar esse processo de origem das espécies.

Mais comedido, David Pfennig, biólogo da Universidade da Carolina do Norte disse que os biólogos evolucionários consideram o artigo importante porque demonstra a ação recíproca entre os números populacionais e os fatore ambientais: “A mudança no tamanho de bico ocorreu somente quando havia bastante tentilhões-da-terra-grandes e escassez de grandes sementes para provocar um problema... Essa pesquisa irá motivar os pesquisadores a irem a campo e verificar se eles podem documentar outros exemplos de deslocamento de caráter em ação”.

Aqui no caso, os próprios Grants advertiram que novas pesquisas são mais do que necessárias.

Mas Jonathan Losos e Elizabeth Höfling estão em boa companhia neste estado de ‘êxtase darwiniana’, porque ninguém nada menos do que Elizabeth Pennisi, na mesma edição da Science, 14 July 2006: Vol. 313. no. 5784, p. 156, DOI: 10.1126/science.313.5784.156 no seu artigo “Competition Drives Big Beaks Out of Business,” citou um biólogo que ‘sente’ que esta pesquisa “irá se tornar um clássico de livro didático”. Se assim for, pobres de nossos alunos. Pobre ciência...

Interessante – alguns dos ‘muazzins’ de Darwin [os muçulmanos que me perdoem] costumeiros como a New Scientist, BBC, e a National Geographic preferiram ficar silenciosos por alguma razão.

Os tentilhões, coitados, não têm nada a ver com a má fama que eles estão ganhando na biologia. No caso da pesquisa dos Grants, Rafael Garcia, é imperioso uma pitada de ceticismo. Cum granum salis! Por quê? O processo evolutivo segundo Darwin era lento e gradual ao longo dos anos. Mayr falou que eram eventos históricos únicos que não podem se repetir e precisam ser "reconstruídos historicamente", e agora é VAP VUPT em um ano???
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