EXTRA! EXTRA! Dentes fossilizados de gorila mandam o ancestral hominídeo pra lá de Timbuktu

quinta-feira, agosto 23, 2007

A paleoantropologia é uma ciência que deve ser acompanhada cum granum salis. Razão? Cientistas são humanos. Há uma ponta de “orgulho” entre os cientistas mais do que devida quando realizam alguma descoberta tipo “arrasa quarteirão”. Já pensou o cientista brasuca José da Silva, de Pindamonhangaba, descobrindo esse tal de “elo perdido” da cadeia evolutiva? Ele seria incensado pela Nomenklatura científica e Grande Mídia tupiniquins: seria indicado para o prêmio Nobel em Evolução! Oops, Nobel não designou verbas para um prêmio nessa área. Por quê? Porque, em parte, a paleoantropologia é uma ciência assim — muitos egos doidivanamente perseguindo esta glória de fechar a conta epistêmica das teses transformistas de Darwin. Mesmo que fraudes tenham que ser elaboradas.

Bem, uma série de dentes de gorila fossilizados encontrada na Etiópia puxou bem para trás o galho cronológico da história evolutiva entre macacos-antropóides e humanos quase duas vezes o tempo previamente aceito pelos cientistas. A revista Nature relatou que os pesquisadores dataram o fóssil aproximadamente em torno de 10.5-11 milhões de anos. [1] Anteriormente, a data aceita pelos cientistas para a divergência entre macacos-antropóides e humanos era de 6 a 7 milhões de anos.


Dentes de Chororapithecus abyssinicus comparados com a mandíbula de gorila. Foto: Gen Suwa/University of Tokyo.

Rex Dalton, na mesma edição da revista Nature, [2] relatou o lead [abertura da matéria] da equipe afirmando que os dentes “coletivamente são indistinguíveis da subespécie de gorilas modernos” em forma, tamanho, estrutura interna e proporção. Mesmo assim, os autores nomearam o fóssil uma nova espécie.

Destaco aqui que os dois artigos da Nature aludiram à extrema escassez de fósseis do período de 7 a 12 milhões de anos na escala cronológica evolutiva. NOTA BENE: EXTREMA ESCASSEZ DE FÓSSEIS NESTE PERÍODO! Os autores admitiram que “filogeneticamente, esses fósseis representam a primeira espécie de macacos-antropóides do Mioceno a serem reconhecidos como um forte candidato a ser membro do clade dos gorilas modernos” porque os dentes são indistinguíveis daqueles dos gorilas modernos exceto que eles têm uma grande variação de tamanhos. Todavia, Rex Dalton afirmou que este fóssil “ajuda a preencher uma imensa lacuna no registro fóssil”. Cáspita! Será que ele não leu a pesquisa original?

Pegando carona com esta descoberta científica arrasa quarteirão, mas com um pouco de ceticismo saudável, a National Geographic noticiou assim “eu tenho uma boa e uma má notícia, qual delas você quer ouvir primeiro?” A boa notícia, segundo a NG, foi que a descoberta “preenche uma lacuna importante no registro fóssil”, mas ao mesmo tempo, infelizmente para os paleoantropólogos a má notícia, isso “também pode demolir uma teoria funcional da evolução humana.”

Alguém me belisque — demolir uma teoria funcional da evolução humana? Por quê? É aqui que alguns macacos vão pular de galho em galho, oops, cair do galho da Árvore da Vida de Darwin! Se isso for cientificamente corroborado, significa dizer que “tudo [na evolução humana] vai ter que ser datado bem para trás” no tempo além do esperado pelos cientistas. Por quê? Porque este gorila era essencialmente moderno em pelo menos 2 milhões de anos antes de o alegado ancestral comum ter existido. Esse sujeito (oculto), o ancestral comum, é o ET da paleoantropologia — os cientistas evolucionistas “vêem”, mas os paleoantropólogos, apesar de seus esforços árduos desde 1859, não conseguem demonstrar com evidência fóssil, teria que ter vivido ainda mais cedo em alguns milhões de anos.

Nossa “brimo” filogenético caiu do galho, e foi pra lá de Timbuktu. Snif! Snif! Snif!

NOTAS:

1. Suwa et al, “A new species of great ape from the late Miocene epoch in Ethiopia,” Nature 448, 921-924 (23 August 2007) doi:10.1038/nature06113.

2. Rex Dalton, “Oldest gorilla ages our joint ancestor,” Nature 448, 844-845 (23 August 2007) doi:10.1038/448844a.

O artigo “An Ape or the Ape: Is the Toumaï Cranium TM 266 a Hominid?” sobre o Sahelanthropus, de Milford H. Wolpoff et al pode ser baixado gratuitamente aqui [2.19 MB]. Os autores consideram que as muitas convergências dentais dificultam na identificação dos hominídeos baseado somente nos dentes. Segundo os autores, elas também dificultam dizer se qualquer macaco-antropóide particular com grandes dentes e comedor de folhas seja definitivamente um gorila.