Como blindar a teoria da evolução de Darwin das críticas científicas

terça-feira, novembro 27, 2007

Não sei porque me lembrei de um professor universitário lá do Nordeste que foi marxista-leninista na juventude: ele lia as notícias nos jornais e panfletos comunistas, e pensava que ao meio-dia a revolução iria começar no Brasil.

Trago este pouco de nostalgia ideológica para lembrar de Karl Marx e uma de suas predições que até agora não se cumpriu, e como que os demais teóricos marxistas deram um jeito nisso. Marx disse que sob o capitalismo os operários se tornariam cada vez mais insatisfeitos e a revolução seria inevitável. Errou feio, pois a condição dos operários melhorou. Veio Lênin e modificou a teoria: é claro que a condição dos operários melhorou, mas foi porque os capitalistas estavam subornando os operários para deixá-los pacificados conforme tinha previsto a teoria marxista.

Se não for X, então Y; se não for Y, então Z, se não for Z, então todo o ABC. Essa “blindagem epistêmica” lembra alguma teoria científica? Como vocês são maldosos, gente. É a teoria geral da evolução de Darwin.

Se você ainda não leu o novo livro de Michael Behe, “The Edge of Evolution” [pode ser encontrado e encomendado na Livraria Cultura], eu vou adiantar um pouco aqui como que os Lênines atuais fizeram para blindar a teoria geral da evolução do Grande Timoneiro de Down de um suposto ‘deslize epistêmico’.

No livro, Behe menciona uma predição de Ernst Mayr, o último Papa da Evolução, feita nos anos 1960s baseada na teoria darwinista de que a busca por genes homólogos seria pura perda de tempo. Bem, os Lênines atuais usam agora os genes homólogos como evidência corroborando a teoria. Afinal de contas, a existência de tais genes tinha sido predita pela teoria (confirmação da teoria após os fatos encontrados, capice???).

Mano, o que é que nós podemos dizer sobre uma teoria que facilmente prediz “X” e o “não-X”??? Navalha de Occam, oops de Popper neles!!! Especialmente as seções 19 e 20 do livro “A Lógica da Pesquisa Científica” (São Paulo: Cultrix; Edusp, 1975), no qual Popper discute os “estratagemas convencionalistas” elaborados para livrar a teoria da falsificação.



Origem da foto aqui.

Popper escreveu, “Sempre que o sistema ‘clássico’ for ameaçado pelos resultados de novas experiências que podem ser interpretadas como falsificações... o sistema aparecerá como inabalável pelo convencionalista.” E aí, NOTA BENE, Popper passa a explicar os estratagemas que os convencionalistas adotarão para lidar com as inconsistências perturbadoras que surgiram entre as predições da teoria e os resultados das experiências:

1. Culpe o nosso domínio inadequado do sistema.

2. Sugira a adoção de hipóteses ad hoc (auxiliares) para socorrer o sistema.

3. Sugira correções dos instrumentos de medição.

4. Modifique as definições usadas na teoria. [‘Novilíngua’ de Orwell???]

5. Adote uma atitude cética em relação ao observador cujas observações ameacem o sistema excluindo suas observações da ciência porque (a) elas são insuficientemente apoiadas; (b) elas não são científicas; (c) elas não são objetivas.

6. Chame o experimentador de mentiroso, y otras cositas mais.

Está soando algo familiar com o comportamento da Nomenklatura científica e a Grande Mídia internacional e tupiniquim em relação aos teóricos e proponentes da Teoria do Design Inteligente? Qualquer semelhança é a pura verdade.

Tarefa para casa: relacione quantos “estratagemas convencionalistas” de Popper têm sido usados contra a teoria do Design Inteligente?

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Sobre os ombros de um gigante