JC E-Mail: a análise cladística de Woese mostra o quê mesmo?

terça-feira, dezembro 18, 2007

Eis um texto bastante interessante sobre um assunto que a Nomenklatura científica e a Grande Mídia tupiniquins são mais ‘lisos do que quiabo’. Eles não abordam cum granum salis a questão do ancestral comum. Por quê? A ciência não é a busca pela verdade? O jornalismo científico não é objetivo? Não são as evidências que corroboram ou solapam uma teoria científica?

Não vou entrar no mérito do texto de Pieczarcka publicado no JC E-Mail por restrições impostas pelo autor: até seu e-mail eu tive que retirar de meu arquivo, no que atendi prontamente a solicitação do eminente professor do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará.

Assim sendo, vou deixar o Woese falar, sem entrar no mérito do que foi apontado por Pieczarcka no JC E-Mail, e depois vou destilar meu veneno de cobra Naja tripudians em cima dos autores de livros-texto de Biologia do ensino médio.

JC e-mail 3413, de 18 de Dezembro de 2007

29. Leitor comenta artigo “A morte das espécies”, de Marcelo Leite




“A análise cladística utilizando rRNA pelo próprio Woese, ainda nos anos 90, demonstrava claramente que as Archea, nada tinham a ver com as bactérias propriamente, sendo muito mais próximas dos eucariotos”

Mensagem de Julio Cesar Pieczarka, professor do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará:

No artigo "A morte das espécies", de Marcelo Leite, o grupo chamado Archea é considerado próximo das bactérias ou, como diz o articulista, "suas primas". No entanto, a análise cladística utilizando rRNA pelo próprio Woese, ainda nos anos 90, demonstrava claramente que as Archea, naquele tempo chamadas arqueobactérias, nada tinham a ver com as bactérias propriamente, sendo muito mais próximas dos eucariotos (ou seja, eu e você).

Este é o motivo, aliás, pelo qual elas mudaram de nome de Archeobacterias para simplesmente Archea. Mesmo este nome é impróprio, criado no tempo em que se pensava estes seres como sendo primitivos. Na verdade, eles aparecem na árvore da vida após o grupo das bactérias.

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Fala Woese!

22. WOESE, Carl, “The universal ancestor”, Proceedings of the National Academy of Sciences USA 95 (1998): 6854-6859.
Provavelmente nenhum cientista tem mais influenciado nosso atual entendimento da base da Árvore da Vida do que o microbiologista Carl Woese, da Universidade de Illinois. A amplamente aceita divisão tripartida da vida em Arquéia, Bactéria e os Eucariotos, é devido ao trabalho de Woese usando os padrões de RNA ribossômicos (rRNA). Neste artigo provocador, Woese sugere que a única Árvore da Vida de Darwin, terminando em um único ancestral comum (em inglês geralmente abreviado LUCA − Last Universal Common Ancestor - Último Ancestral Comum Universal], pode nunca ter existido. “É hora”, argumenta Woese, “de se questionar suposições justificadoras” (p. 6855).

NOTA BENE 1: O LUCA PODE NUNCA TER EXISTIDO! e chegou a hora de se “questionar suposições justificadoras”. É o que faz este blogger desde 1998 junto aos cientistas e editorias de ciência da Grande Mídia em Pindorama!

O problema se origina da falha das moléculas em fornecerem uma história consistente da história da vida primeva. “Nenhuma filogenia consistente de organismo tem emergido das muitas filogenias de proteínas individuais até aqui produzidas”, Woese escreveu. “As incongruências filogenéticas podem ser vistas em todos os lugares na árvore universal, de sua raiz até aos principais ramos dentro e entre os vários taxons até a composição dos próprios grupos principais” (p. 6854).

NOTA BENE 2: As moléculas não fornecem uma história evolutiva consistente. Há, de cabo a rabo filogenéticos, incongruências. Ué, para onde foram a robustez das evidências da teoria geral da evolução? Tão certa como a lei da gravidade?

Assim, se o LUCA existiu, não foi um organismo como qualquer um que nós pudéssemos reconhecer. “O ancestral universal não é uma entidade, não é uma coisa. É um processo característico de um estágio evolutivo particular” (p. 6858). A Árvore da Vida não tem apenas uma raiz. Antes, Woese enfatiza, “nós ficamos sem nenhum quadro consistente e satisfatório do ancestral universal” (p. 6855), e a biologia precisa tomar uma atitude em lidar com isso.

NOTA BENE 3: Woese, um dos maiores especialistas em cladística, diz que no contexto da justificação teórica da Árvore da Vida, do ancestral comum universal Darwin está sem pai e mãe. Evidência robusta:? Nihil! Zero! Kaput LUCA! Ma non Kaput Darwin, capice?

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COMENTÁRIO IMPERTINENTE DESTE BLOGGER:

Fui, indignado, pois se Woese afirma que “nós ficamos sem nenhum quadro consistente e satisfatório do ancestral universal”. QED em análise crítica enviada ao MEC/SEMTEC/PNLEM: Os nossos melhores autores de livros-texto de Biologia do ensino médio estão engabelando nossos alunos apresentando a Árvore da Vida de Darwin como uma entidade apoiada pela robustez das evidências. Nada mais falso!

Alô MEC/SEMTEC/PNLEM, assim não se ensina ciência, mas ideologia!

Ah, me esquecei: o bom naturalismo metodológico foi seqüestrado há muito tempo pelo naturalismo filosófico que posa como se fosse ciência! Ciência qua ciência? Isso não te pertence mais!!!