Historiadora da USP “enxerga” Darwin como responsável pela questão do anti-semitismo

segunda-feira, abril 14, 2008

A raça

14/04/2008

Por Carlos Haag

Pesquisa FAPESP – "Eles se fingem de católicos, com cruzes e santinhos, tudo hipocrisia. Estou apavorado com o progresso dessa gente e revoltado com a displicência das autoridades, não só do Brasil como das Américas", escreveu um cidadão comum ao Deops avisando sobre a presença de judeus no país.

Maria Luiza Tucci Carneiro, da USP, organizadora do recém-lançado estudo sobre anti-semitismo nas Américas (foto: Miguel Boyayan)

Detalhe: o ano da denúncia é 1947, dois anos após o fim da Segunda Guerra Mundial e da derrocada do nazismo e do Estado Novo. Ainda assim, ajudar refugiados judeus era visto como “crime contra a nação”. Ao mesmo tempo, ao longo da guerra, figuras corajosas como o embaixador brasileiro em Paris, Luiz Martins Souza Dantas, ou a assistente da Embaixada do Brasil em Berlim, Aracy Carvalho (mais tarde, sra. Guimarães Rosa), desobedecendo ordens do regime varguista, liberaram centenas de vistos para que judeus pudessem vir ao Brasil e sobreviver ao holocausto.

Pouco conhecido, em especial se com¬parado com a intensa preocupação com o racismo contra negros ou índios, o anti-semitismo brasileiro só aos poucos vem sendo trazido à luz. Uma das responsáveis por isso é a historiadora Maria Luiza Tucci Carneiro, da USP, organizadora do recém-lançado estudo O anti-semitismo nas Américas (Edusp, 744 páginas, R$ 98), ao mesmo tempo que coordena o projeto Arquivo Virtual sobre o Holocausto e o Anti-Semitismo no Brasil, que conta com apoio da FAPESP e está baseado no Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação (Leer-USP), do qual ela é diretora. Milhares de documentos serão digitalizados e disponibilizados nesse banco de dados, que registrará depoimentos de sobreviventes dos campos de concentração.

O Brasil foi um país racista ou ainda o é ?

Maria Luiza Tucci Carneiro – O Brasil sempre foi e ainda é um país racista, apesar do “negacionismo” por parte de alguns segmentos da sociedade brasileira, que insistem na veiculação da imagem do país como um “paraíso racial”. Exatamente por convivermos com um racismo camuflado (e eu entendo o anti-semitismo como uma forma de racismo) é que devemos estar atentos aos subterfúgios. Desinformação, interesses políticos, alianças de compadrio, pesquisas históricas distorcidas e a mídia têm contribuído para fortalecer o senso comum, dificultando o exercício da crítica e o respeito às diferenças.

Clique aqui para ler o texto completo na edição de março de Pesquisa FAPESP.

Assinaturas, renovação e mudança de endereço: (11) 3038-1434, (11) 3038-1418 (fax) ou fapesp@teletarget.com.br

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COMENTÁRIO IMPERTINENTE DESTE BLOGGER:

As idéias têm conseqüências. Historiadores “mainstream”, especialmente os darwinistas fundamentalistas, tentam de todas as maneiras reescrever a história da ciência eximindo Darwin completamente de todas as conseqüências nefastas de suas idéias (Darwinismo social) no Holocausto contra os judeus e outros povos.

Leiam o texto completo na revista FAPESP onde a historiadora menciona o genocídio de Hitler contra os judeus, e não livra as idéias de Darwin cujo livro mais famoso, e pouco conhecido por muitos tem o título: “The Origin of Species by Means of Natural Selection or The Preservation of Favored Races in the Struggle for Life” [A Origem das Espécies através da Seleção Natural ou a Preservação das Raças Favorecidas na Luta pela Vida] como responsáveis pela fundamentação da “Solução Final”.

Um historiador que vai fundo neste “recorte” indesejável das idéias de Darwin é Richard Weikart, do Departmento de História da California State University, Stanislaus, Turlock, CA 95382, autor do livro “From Darwin to Hitler: Evolutionary Ethics, Eugenics, and Racism in Germany” [De Darwin a Hitler: Ética Evolutiva, Eugenia, e Racismo na Alemanha], Palgrave Macmillan, 2004, http://www.amazon.com, estabelece as conexões das idéias de Darwin com o racismo como prática de Estado.

Apesar de ser antiescravagista, Darwin revela o seu racismo e sugere o Holocausto das raças inferiores pelas raças superiores no seu livro menos famoso e menos lido “The Descent of Man”.

Este "pecado mortal" de Darwin é omitido em todas as exposições sobre o homem que teve a maior idéia que toda a humanidade já teve: o mais apto sobrevive!