Darwin über Alles 5-5

segunda-feira, junho 30, 2008

JC e-mail 3543, de 30 de Junho de 2008.

15. British Council organiza fórum estudantil em Londres sobre as idéias do evolucionista Charles Darwin

Estudantes brasileiros representarão a América Latina no programa Darwin Now em comemoração ao bicentenário do nascimento do cientista

O projeto do British Council Darwin Now já rendeu frutos para o Brasil, que terá como representante dois estudantes brasileiros no Fórum Estudantil Internacional – Darwin e Ciência Contemporânea 2008, em Londres entre os dias 1 e 5 de julho.

Com organização do British Council e parceria com o Museu de História Natural de Londres, esta será a terceira edição do evento e a primeira de três conferências sobre Charles Darwin.

O projeto Darwin Now celebra o impacto das idéias do cientista, seu bicentenário e traz uma série de atividades e eventos globais com foco principal nos impactos das idéias do evolucionista na biologia contemporânea e na teoria evolucionária.

Juliana Bueno, de 18 anos, e João Paulo Posse Terra, de 16 anos, foram selecionados através da inscrição no projeto Embaixadores do Clima, também do British Council. Eles se unirão com mais seis jovens da Argentina, Colômbia, Chile e México para representar a América Latina no evento.

“Me interessei pelo programa porque realmente amo estudar ciências. Acho a Teoria da Evolução de Darwin muito interessante e essa será a oportunidade para me aprofundar no assunto. Na minha opinião a sociedade só vai conseguir resolver os seus problemas através do desenvolvimento da Ciência”, opina João Paulo.

Para Juliana, a situação atual obriga as pessoas a discutir a Ciência de um modo mais sério. “O interesse pelo tema está diminuindo e o Fórum é uma excelente oportunidade para discutir o que deve ser feito para o futuro da Ciência”, afirmou a jovem.

A agenda dos estudantes em Londres terá workshops, palestras, debates com especialistas e discussão sobre as idéias de Darwin e como elas impactam o mundo moderno. As sessões serão divididas em temas como: Mudança antropogênica e crise de biodiversidade, e como a evolução no relacionamento com computadores está redesenhando a arquitetura da informação internacional.

O objetivo do Fórum Estudantil Internacional é reforçar as idéias básicas da Evolução como caminho da Seleção Natural enfatizando a relevância da sua aplicação nos dias atuais.

O Fórum Estudantil terá transmissão ao vivo pela internet através do site do Museu de História Natural (http://www.nhm.ac.uk/). O internauta poderá enviar suas perguntas pelo site para serem respondidas pelos especialistas presentes ao evento em Londres.

Em 2009 o seminário irá abordar a influência das idéias de Darwin para a sociedade e cultura e em 2010 o tema será o progresso alcançado nos encontros da Convenção de Diversidade Biológica para diminuir os índices mundiais de extinção das espécies.

O British Council é a organização internacional do Reino Unido para oportunidades educacionais e relações culturais. Seu trabalho busca estabelecer a troca de experiências e laços que gerem benefícios mútuos entre o Reino Unido e os países onde está presente, por meio da atuação em cinco áreas: Educação, Língua Inglesa, Ciências, Artes e Governança / Direitos Humanos.

A organização atua em 223 cidades, em 109 países, com parceiros como os governos locais em diversas instâncias, organizações não-governamentais e iniciativa privada.

O British Council é uma organização apolítica que trabalha em conjunto com o governo britânico, promovendo oportunidades iguais a todas as pessoas. No Brasil, tem escritórios em Brasília, Rio de Janeiro, Recife e São Paulo. Para mais informações, visite o site http://www.britishcouncil.org.br.

(Assessoria de Comunicação do British Council)

Darwin über Alles 4-5

JC e-mail 3543, de 30 de Junho de 2008.

14. Por que Darwin rejeitou o design inteligente?, artigo de Frank J. Sulloway

Britânico chegou às galápagos imbuído da mentalidade criacionista, que lhe impediu de enxergar evidências da evolução

Frank J. Sulloway é historiador da ciência, estudioso de Darwin e professor visitante do Departamento de Psicologia da Universidade da Califórnia em Berkeley. Em 1968, refez a viagem do Beagle para produzir um documentário. Este texto foi primeiro publicado, em formato diferente, pela Vintage Books em "Intelligent Thought", editado por John Brockman. Artigo publicado na “Folha de SP”:

Um dos sinais de uma teoria científica verdadeiramente revolucionária é o fato de demorar muito para ser aceita pela maioria das pessoas. Foi apenas recentemente que o Vaticano admitiu ter errado na infame condenação a Galileu, em 1633, por sua defesa da teoria de que a Terra gira em torno do Sol.

Do mesmo modo, hoje, 150 anos após primeiro serem publicadas, as teorias de Charles Darwin continuam a suscitar hostilidade em muitos países, devido à rejeição por Darwin da idéia de que a vida manifesta um propósito inteligente.

É irônico o fato de que o próprio Darwin, em certa época, esteve fascinado pela teoria de que todas as espécies surgem em função de um design inteligente -a mesma teoria que, mais tarde, ele procurou eliminar da ciência em seu livro "A Origem das Espécies" (1859).

Popularizada no século 17, essa doutrina buscava unir uma celebração da obra de Deus com o estudo da ciência. Esses argumentos alcançaram seu ápice nos escritos do reverendo William Paley, que expôs suas idéias em "Teologia Natural" (1802). As muitas provas que ele apresentou em favor do design inteligente fascinaram e convenceram o jovem Darwin.

O que desencadeou a dramática mudança de opinião de Darwin em relação à origem das espécies foi a viagem de cinco anos que ele fez em volta ao mundo no navio "HMS Beagle", e, especialmente, sua visita de cinco semanas às ilhas Galápagos em setembro e outubro de 1835. Reza a lenda que Darwin converteu-se à teoria da evolução durante essa visita breve, vivendo algo como um momento "eureca!".

A história real da conversão de Darwin, que só se deu um ano e meio mais tarde, após seu retorno à Inglaterra, nos diz muito mais sobre como a ciência é feita de fato, especialmente sobre como a teoria guia a observação e prepara a mente e como é necessária persistência obstinada para transformar teorias controversas em fatos aceitos.

Durante a permanência de Darwin nas Galápagos, a teoria criacionista o preparou para aquilo que ele observou e compreendeu nas ilhas. Essa teoria também ditou o que ele deixou de observar e compreender. Num primeiro momento, ele esforçou-se com diligência para conciliar com o paradigma criacionista as criaturas novas e estranhas que encontrou naquele arquipélago isolado.

Segundo essa teoria, diferentes "centros de criação" explicavam por que a flora e a fauna da Terra diferiam de uma região a outra -ou de um continente a outro. Darwin ainda não se dera conta de que uma parcela do planeta tão minúscula quanto o arquipélago de Galápagos poderia ser, ela própria, um "centro de criação".

Certos fatos inesperados relativos a Galápagos solaparam a credibilidade de qualquer explicação criacionista daquilo que Darwin, mais tarde, descreveria como "o mistério dos mistérios -o primeiro surgimento de novos seres nesta terra".

Em particular, várias espécies distintas evoluíram ao longo do tempo em cada uma das ilhas do grupo das Galápagos, de acordo com o povoamento dessas ilhas por colonos ocasionais que ali conseguiram chegar desde a América Central ou do Sul. Darwin foi alertado para essa possibilidade pelo vice-governador das ilhas, Nicholas Lawson, que insistiu que "as tartarugas das diferentes ilhas diferem entre elas, e que ele poderá perceber com certeza de que ilha qualquer uma for trazida".

Num primeiro momento, Darwin não deu atenção às observações de Lawson, ainda tendo a mente dominada pela teoria criacionista. Ela dizia que as espécies podem modificar-se, e se modificam, reagindo aos ambientes locais. Como um elástico que resiste ao ser esticado, qualquer modificação do tipo específico e supostamente imutável que fosse verificada entre as variedades era vista como desvio temporário.

Devido à sua visão criacionista, durante sua estadia nas Galápagos, Darwin não coletou um espécime sequer de tartaruga-gigante para finalidades científicas. Em vez disso, as 48 tartarugas capturadas pelo Beagle na ilha de San Cristóbal foram mais tarde comidas por Darwin e seus companheiros de navio, sendo suas carapaças atiradas ao mar.

Essa mesma mentalidade criacionista ajuda a explicar porque, num primeiro momento, Darwin deixou de compreender o mais célebre exemplo das Galápagos da evolução em ação: os famosos tentilhões de Darwin.

Quatorze espécies de tentilhões se desenvolveram nas Galápagos a partir da forma ancestral encontrada nas Américas Central e do Sul. Nos últimos 2 milhões de anos, esse processo de evolução resultou numa radiação adaptativa tão impressionante em nichos ecológicos diversos que algumas dessas espécies não se parecem com tentilhões típicos. Num primeiro momento, Darwin pensou que algumas delas nem sequer fossem tentilhões.

O caso dos tentilhões-das-galápagos confundiu Darwin a tal ponto que, no momento em que capturou os pássaros, ele não se deu conta de que todas as espécies eram estreitamente aparentadas ou que o número de espécies em um grupo de aves poderia resultar do fato de elas terem evoluído em ilhas diferentes. Por isso, ele não fez qualquer esforço para classificar suas coleções ornitológicas por ilha -um erro que lamentou sinceramente mais tarde.

Darwin tampouco teve a oportunidade de observar esses tentilhões de maneira suficientemente detalhada para aperceber-se de que os tamanhos e formatos de seus bicos guardavam relação estreita com suas dietas -um "insight" importante que a lenda equivocadamente lhe atribui.

Apesar de ter estado armado de uma teoria inadequada durante sua estadia em Galápagos, Darwin era um naturalista bom demais para não observar que os quatro espécimes de "mockingbirds" que coletou, cada uma de uma ilha diferente, ou eram variedades ou espécies distintas.

Não sendo ornitólogo, Darwin não sabia ao certo como interpretar essa anomalia. Em julho de 1836, nove meses após sua visita às Galápagos, ele refletiu sobre o caso dos "mockingbirds" e recordou o que lhe tinha sido dito sobre as tartarugas:

"Quando vejo essas ilhas visíveis umas desde as outras e possuindo apenas uma quantidade escassa de animais, habitadas por essas aves mas ligeiramente distintas em sua estrutura e ocupando o mesmo lugar na natureza, devo suspeitar de que são apenas variedades ... Se existe fundamento para essas observações, então a zoologia dos arquipélagos valerá a pena ser examinada, pois tais fatos enfraqueceriam a estabilidade das espécies."

A chave para interpretar esse trecho célebre -que aventa a revolução darwinista mas em seguida afasta-se dela- está na frase "devo suspeitar de que são apenas variedades", premissa que Darwin compreendia ser plenamente coerente com a teoria criacionista.

O que o impedia de dar o passo crucial da ortodoxia científica para a heterodoxia era a ausência de informações sobre a classificação ornitológica correta, algo que só lhe estaria disponível após seu retorno à Inglaterra.

Darwin retornou à Inglaterra em 2 de outubro de 1836. Três meses depois, deixou suas coleções de aves com John Gould, ornitólogo da Sociedade Zoológica de Londres. Gould imediatamente se deu conta da natureza extraordinária dos espécimes colhidos por Darwin nas Galápagos.

Em março de 1837, Gould informou Darwin de que três de seus quatro espécimes de "mockingbird" eram espécies distintas, até então desconhecidas da ciência. Gould também informou a Darwin que sua coleção incluía 13 ou possivelmente 14 espécies de tentilhões muito incomuns. De repente, após as análises taxonômicas de Gould, as Galápagos se haviam convertido num "centro de criação" distinto.

As conclusões de Gould parecem ter deixado Darwin estarrecido. Ele rapidamente se deu conta de que, se Gould estivesse certo, a barreira entre as espécies distintas tinha sido de alguma maneira rompida por esses pássaros, isolados nas diferentes ilhas.

A evolução gradual graças ao isolamento geográfico era a única explicação plausível, a não ser que se pensasse que Deus, como um jardineiro obsessivo-compulsivo, tivesse ido de uma ilha a outra no arquipélago, caprichosamente criando espécies separadas mas estreitamente aliadas, com a intenção de ocupar os mesmos nichos ecológicos.

Reforçado por uma perspectiva evolutiva da natureza, Darwin foi capaz de enxergar os tentilhões sob uma ótica radicalmente nova. Apenas agora ele passou a compreender a extensão de seu descuido anterior, quando deixou de rotular por ilha a maior parte das aves que trouxera das Galápagos.

Felizmente, Darwin sabia que três outros colecionadores que tinham viajado no Beagle (o capitão FitzRoy entre eles) também tinham coletado espécimes. E todos esses espécimes tinham sido rotulados segundo a ilha de sua procedência. É sintomático que tenham sido os não-cientistas do Beagle, que não eram movidos por uma teoria, como Darwin, que registraram as evidências científicas que Darwin, partindo de uma abordagem criacionista, havia visto como sendo supérfluas.

Darwin passou a entender que o isolamento geográfico era uma parte crucial da resposta quanto a como as espécies se transformam no decorrer o tempo. Mas o isolamento, por si só, não bastava para explicar as adaptações das espécies a seus ambientes locais.

Malthus explica

Depois de estudar e rejeitar uma série de hipóteses, Darwin, em setembro de 1838, leu por acaso a edição de 1826 de "Ensaio sobre o Princípio da População", de Thomas Malthus. Este argumentava que as populações têm a tendência inata a crescer geometricamente. Na natureza, porém, a oferta de alimentos é limitada, de modo que a maioria da prole não sobrevive, sendo morta por predadores, fome e doenças.

Ao ler o livro de Malthus, Darwin se deu conta imediatamente de que, na eterna luta pela sobrevivência, variações ligeiras benéficas tenderiam a ser naturalmente selecionadas, levando à sobrevivência maior e, com isso, a um aumento nas características adaptativas, do mesmo modo em que o criador de animais domesticados obtém características desejadas selecionando as qualidades valorizadas nos animais.

"Aqui, então, finalmente encontrei uma teoria com a qual trabalhar", observou Darwin em sua "Autobiografia". Ali, também, estava uma resposta digna de crédito a William Paley. Darwin percebeu que a seleção natural não era outra coisa senão o "projetista" de Paley.

Olhando através da lente poderosa da evolução pela seleção natural, Darwin então começou a reexaminar as premissas básicas do criacionismo e a comparar as previsões que se fariam com base nessas duas teorias radicalmente distintas.
Quanto mais extenso se tornava seu reestudo, mais ele foi compreendendo que o design inteligente era contradito de maneira avassaladora pelas evidências disponíveis.

A reavaliação feita por Darwin atingiu seu ápice 22 anos mais tarde com "Sobre a Origem das Espécies por Meio da Seleção Natural", livro que o próprio Darwin descreveu, corretamente, perto de seu final, como "um só longo argumento". Era igualmente um argumento contra o criacionismo e, especialmente, contra o design inteligente.

As evidências relativas à distribuição geográfica, especialmente das ilhas oceânicas e suas relações biológicas com os continentes mais próximos, desempenham papel substancial no argumento de Darwin.

As ilhas Galápagos, por exemplo, abrigam várias espécies de animais e plantas estreitamente aparentadas com as do vizinho continente americano; no entanto, as características ambientais dessas ilhas não se assemelham em nada às das partes mais próximas do continente, que são tropicais.

Contrastando com isso, o árido ambiente vulcânico das Galápagos se assemelha estreitamente ao das ilhas de Cabo Verde, a 650 km da África. No entanto, a flora e a fauna de Cabo Verde guardam mais semelhança com espécies que vivem no continente africano, não com as das Galápagos.

Por que um possível projetista inteligente, indagou Darwin, colocaria dois carimbos criativos completamente diferentes -um africano e outro americano- sobre espécies que vivem em ambientes quase idênticos e ocupam nichos ecológicos semelhantes? Não fazia sentido.

Como Darwin trabalhou durante 20 anos sobre rascunhos da obra que acabaria virando "A Origem das Espécies", ele conseguiu explicar o mundo natural de uma maneira como ninguém nunca fizera antes. Em última análise, o que sua transformação de criacionista em evolucionista revela sobre ela -e sobre a ciência, de modo mais geral- é que a melhor ciência é feita a serviço de uma teoria realmente boa.

(Folha de SP, 29/6)

Darwin über Alles 3-5

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13. Wallace, o outro pai da evolução

Paralelamente a Darwin, o biólogo Alfred Russel Wallace traçou as idéias da teoria da seleção natural

Herton Escobar escreve para “O Estado de SP”:

Cento e cinqüenta anos atrás, no dia 1º de julho de 1858, a teoria da evolução por seleção natural foi apresentada pela primeira vez à Sociedade Lineana de Londres, na Inglaterra. A descoberta era assinada por dois naturalistas britânicos. O primeiro era Charles Darwin.

O outro, freqüentemente esquecido, era um jovem biólogo autodidata, que chegara às mesmas conclusões pesquisando espécies do sudeste asiático, nas florestas do Arquipélago Malaio. Seu nome era Alfred Russel Wallace.

Um século e meio depois, a história selecionou Darwin como ícone supremo do pensamento evolutivo, enquanto Wallace foi reduzido ao status de espécie ameaçada, ofuscado pelo brilho daquele que foi seu ídolo científico. Poucos hoje sabem que Alfred Russel Wallace existiu. Menos ainda sabem que ele começou sua carreira de naturalista no Brasil.

Wallace passou quatro anos na Amazônia, coletando plantas e animais às margens do Rio Negro e do médio Amazonas. Desembarcou no porto de Belém em 26 de maio de 1848, acompanhado de outro jovem naturalista britânico, o amigo Henry Bates. Tinham apenas 25 e 23 anos.

A idéia era coletar o maior número possível de plantas e bichos exóticos da floresta, que depois seriam levados de volta à Inglaterra para estudo. Buscavam pássaros, peixes, borboletas e outros insetos interessantes. Para pagar as contas, enviavam duplicatas para um agente em Londres, que vendia os espécimes para colecionadores ou museus e remetia o dinheiro de volta.

Desastre

O plano quase deu certo. Após quatro anos de trabalho duro, vivendo embrenhado na floresta e com a saúde fragilizada, Wallace juntou o que tinha e embarcou de volta para a Inglaterra em 12 de julho de 1852. No meio do Atlântico, um desastre: o navio pegou fogo.

O jovem naturalista assistiu de um bote salva-vidas seu patrimônio científico ser consumido pelas chamas no oceano. Salvaram-se apenas algumas anotações e desenhos que estavam em sua cabine - entre eles, vários rascunhos de peixes e palmeiras, que cientistas brasileiros usam até hoje como referência.

A alfândega brasileira deu sua contribuição. A maioria dos espécimes que deveriam ter sido despachados para a Inglaterra nos últimos dois anos da expedição ficou retida em Manaus, de modo que Wallace precisou carregar tudo de uma vez na viagem de volta - tornando o prejuízo muito maior.

“Com qual prazer eu admirava cada inseto raro e curioso que eu havia adicionado à minha coleção! Quantas vezes, quando quase derrubado pela febre, não me arrastei pela floresta e fui recompensado com alguma bela e desconhecida espécie! Quantos lugares, nos quais nenhum europeu havia pisado antes de mim, seriam resgatados à minha memória pelas aves e insetos raros que eles haviam proporcionado à minha coleção!”, escreveu Wallace.

“Agora tudo estava perdido, e eu não tinha um único espécime para ilustrar as terras desconhecidas pelas quais eu havia caminhado ou para resgatar a lembrança das cenas selvagens que eu havia presenciado.”

Após dez dias à deriva, tapando vazamentos com rolhas,Wallace e a tripulação foram resgatados por um navio de passagem. Voltou para a Inglaterra sem dinheiro e sem bichos, mas conhecido o suficiente para ganhar uma passagem de graça para outra expedição, dessa vez para o Arquipélago Malaio (atual Indonésia). Foi lá que, em fevereiro de 1858, ele formulou sua teoria sobre a origem das espécies.

Iniciação científica

Wallace descreveu algumas espécies da Amazônia - entre elas a palmeira piaçava (Leopoldinia piassaba), usada na fabricação de vassouras -, mas não produziu nenhuma grande descoberta enquanto esteve lá. Nem por isso a viagem deixou de ser produtiva. O comércio de espécimes era apenas uma fonte de subsistência. O que Wallace queria mesmo, desde que colocou os pés na floresta, era descobrir a origem das espécies.

“Ele claramente já tinha uma hipótese quando embarcou para o Brasil”, diz George Beccaloni, pesquisador de insetos do Museu de História Natural britânico e especialista em Wallace. “Essa era sua motivação principal - muito diferente de Darwin, que ainda era cristão, não acreditava na evolução e não tinha nenhuma hipótese quando embarcou no Beagle.”

A Amazônia foi a escola que Wallace não freqüentara (nascido numa família pobre, ele abandonou os estudos aos 13 anos). “A extraordinária biodiversidade brasileira foi um ponto decisivo, ao colocar de maneira premente para ele a questão de como explicá-la racionalmente”, diz o físico e divulgador científico Ildeu de Castro Moreira.

Wallace é considerado o pai da biogeografia, ciência que estuda a relação entre fatores ambientais, geológicos e a distribuição de espécies. Ele foi o primeiro a descrever os grandes rios amazônicos como barreiras geográficas à biodiversidade - um conceito básico da ecologia moderna.

Wallace notou que, nos trechos largos dos rios, os macacos de um lado eram diferentes das espécies do outro lado. Mais tarde, essa observação se tornaria um dos pilares da teoria da evolução, explicando como o isolamento pode transformar duas populações de uma mesma espécie em espécies diferentes.

“Não há especiação sem isolamento geográfico e reprodutivo. Wallace entendeu isso perfeitamente”, diz Nelson Papavero, biólogo aposentado do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo.
(O Estado de SP, 30/6)

O herói esquecido da evolução

Wallace (1823-1914) chegou a ser considerado o maior cientista britânico. Diferentemente de Darwin, era um polímata: seus interesses iam da história natural ao manejo florestal, passando pela política de saúde pública (foi opositor das vacinas) e pelo espiritismo -fato que o distanciou de Darwin. No entanto, esse outro pai da seleção natural acabou relativamente esquecido.

Tanto que as comemorações a Wallace acontecerão em novembro deste ano, com a publicação do livro "Natural Selection and Beyond: The Intellectual Legacy of Alfred Russel Wallace", editado por Charles Smith e George Beccaloni.

"Está saindo deliberadamente neste ano e não no próximo", ri o britânico Peter Raby.

Professor de literatura em Cambridge, Raby é autor da biografia do naturalista, "Alfred Russel Wallace: A Life" (2002). Em entrevista à Folha, Raby comenta o legado de Wallace e acusa a existência de uma "indústria acadêmica" de Darwin em sua universidade.

Leia os principais trechos da entrevista:

- Por que Wallace ficou relegado a uma nota de rodapé, quando aparentemente ele intuiu a seleção natural mais rápido que Darwin?

Tem havido uma enorme indústria acadêmica em torno de Darwin emanando de Cambridge nos últimos 20 ou 25 anos. O Projeto Darwin, que publicou toda a correspondência dele, após um enorme esforço de pesquisa, é um exemplo. A outra faceta disso é que a "Origem das Espécies" foi publicada quando Wallace ainda estava no exterior. E Wallace, embora tenha publicado diversos livros famosos, nunca teve a oportunidade de preencher o esqueleto da teoria com o mesmo tipo de exposições detalhadas que Darwin apresentou. Quando Wallace voltou para casa, a "Origem das Espécies" havia ocupado a proeminência. Wallace planejou, sim, um grande livro...

- ...mas ele estava ocupado demais ganhando a vida.

Sim, e estava longe de bibliotecas, vivendo uma vida de naturalista coletor independente. Ele não teve a oportunidade de se sentar e escrever e fazer as pesquisas detalhadas que Darwin teve tempo de fazer. Mas, mesmo assim, é estranho que Wallace tenha se dissipado do imaginário popular. Se você olha para as publicações da Sociedade Lineana, é muito claro que a teoria de Wallace é a afirmação mais lapidada, enquanto os documentos de Darwin não têm a mesma completude. Muita gente, naquela época, dizia a Wallace: "Por que você fica falando na teoria de Darwin? A teoria é tão sua quanto dele!" [Charles] Lyell era uma dessas pessoas; ele dizia a Wallace: "Você é modesto demais"! Sim, ele era. A outra razão pela qual ele acabou apartado da doutrina foram suas reservas posteriores quanto à seleção natural e a origem do homem. Darwin ficou chocado com aquilo que ele chamou de "apostasia" de Wallace. Embora Wallace tenha desposado o darwinismo muito entusiasticamente, ele mesmo fez essa grande ressalva. Acho que essa é uma razão mais compreensível para Wallace ter sido jogado de escanteio.

- Nós temos alguma razão para imaginar que Darwin tenha se aproveitado do artigo de Wallace para escrever seu capítulo sobre seleção natural?

(Pausa) Bem, há versões diferentes dessa história. Um livro acaba de ser publicado por Roy Davis chamado "Darwin Conspiracy" ("A Conspiração de Darwin"). Há algumas perguntas sem resposta sobre como Darwin agiu. Eu diria que foi Hooker o responsável por assegurar que Darwin tenha obtido o maior crédito possível pela publicação conjunta. O próprio Darwin ficou ligeiramente surpreso ao ver que seus documentos acabaram sendo mais do que apêndices ou notas de rodapé aos de Wallace. Quanto à sugestão de a carta de Wallace ter chegado antes do que Darwin disse que ela chegou, portanto dando a Darwin tempo de escrever e pensar a respeito, é um cenário perfeitamente plausível. Só que eu não acho que haja nenhuma evidência concreta disso. O argumento de Roy Davis é que o sistema de correios da Holanda [a Malásia e a Indonésia eram colônias holandesas quando Wallace estava no Pacífico] eram extremamente eficientes, e se tudo corresse conforme planejado, a carta deveria ter chegado antes de 1º de junho de 1858. É uma hipótese interessante, mas, a meu ver, especulativa. A questão continua em aberto. Fato é que Wallace não recebeu todo o crédito que deveria ter recebido.

- O sr. esteve no Brasil durante as pesquisas da biografia de Wallace?

Infelizmente não. Eu tinha pouco tempo e pouco dinheiro na época. Fui a Cingapura e a Sarawak [Malásia], porque eu queria ver pelo menos um lugar onde Wallace pesquisou. Espero poder ir ao Brasil, porque há outras pessoas nas quais eu sou extremamente interessado que viajaram pela Amazônia. Meu livro anterior, "Bright Paradise", era sobre viajantes científicos vitorianos. Eu escrevi sobre Wallace, mas também sobre Richard Spruce e Henry Walter Bates.

- O quão importante foi a Amazônia na formatação da mente científica de Wallace? O sr. escreveu que, quando ele chegou ao Brasil, ele era um coletor mercenário, e quando foi para as Índias, era um cientista em formação.

Aqueles quatro anos na Amazônia moldaram a mente e a vida de Wallace. Foi em parte o ambiente da Amazônia e como ele respondia a ele. Mas também todas as reflexões que aconteceram. Claro que ele não conseguiu explorar essas reflexões da maneira como ele planejava, por causa da perda de parte de seu material [num navio que pegou fogo a caminho da Inglaterra], mas não obstante isso deu a ele a amplitude de visão e o tempo de reflexão de que ele precisava para ser mais do que um colecionador. Eu sinto muito fortemente que não a teoria final, mas seu instinto sobre as espécies, que seria esclarecido no arquipélago malaio, os alicerces disso foram construídos na Amazônia. Quando Bates escreve para ele, após ter lido o artigo de Sarawak sobre variedades de espécies-que você pode chamar de estágio 1 da seleção natural-, Bates disse mais ou menos assim: "Eu fiquei surpreso ao vê-lo se posicionando tão assertivamente sobre a teoria. Uma teoria que, como você sabe, foi minha também". O que me sugere uma ligeira censura, mas sugere também que Bates e Wallace, e talvez Spruce também, já haviam discutido essas coisas na Amazônia.

- Mesmo após a evolução, Wallace passou o resto da vida meio deslocado depois que voltou para a Europa. É verdade que ele nunca arrumou um emprego decente?

Acho que escrever se tornou o emprego decente dele. Ele escrevia muito fluentemente, num estilo muito claro. Ele achava que poderia ganhar dinheiro escrevendo livros, além de artigos. Ele se candidatou a vários outros trabalhos e não conseguiu nenhum. Ele se virava para viver. Algumas vezes ele estava bem de vida, outras vezes ele parecia apertado. Mas ele vivia muito feliz, e eu acho que essas duas grandes expedições, à Amazônia e ao arquipélago malaio, tornaram-no irrequieto psicologicamente. Ele se candidatou ao cargo de secretário-assistente da Royal Geographical Society, e não conseguiu, embora Bates, quando voltou, tenha visto no cargo uma oportunidade de se reintegrar ao "establishment" científico. Acho que Wallace curtia não seu isolamento, mas sua independência.

- O sr. vai fazer alguma coisa no dia 1º de julho?

Vou erguer um brinde a Wallace.

(Folha de SP, 29/6)

Darwin über Alles 2-5

JC e-mail 3543, de 30 de Junho de 200812. Teoria está mais jovem do que nunca, artigo de Marcelo Nóbrega

“Preceitos centrais do darwinismo tornaram-se o eixo de toda a pesquisa biomédica moderna”

Marcelo Nóbrega é professor-assistente do Departamento de Genética Humana da Universidade de Chicago, EUA. Artigo publicado na “Folha de SP”:

Diz-se que, ao ouvir sobre a teoria de Darwin, uma senhora da sociedade vitoriana resumiu assim seu desconforto: "Vamos torcer para que o Sr. Darwin esteja errado. Mas, se estiver certo, vamos torcer para que essas idéias não se espalhem muito".

Darwin, mais do que ninguém, entendia as implicações desalentadoras de sua teoria para a noção de que os humanos ocupam uma posição especial na natureza. "É como confessar um crime" dizia.

Foram necessários 70 anos para provar que Darwin estivera certo desde o início. Vários remendos foram necessários à teoria evolutiva original. O mais importante deles foi o reconhecimento de outras forças evolutivas além da seleção natural.

No que é conhecido como "deriva genética", é amplamente aceito que várias características genéticas podem se disseminar em uma população puramente ao acaso, sem que a seleção natural precise ficar "escrutinando dia e noite cada variação", como escreveu Darwin na "Origem das Espécies".

Curiosamente, há um recente clamor, especialmente nas ciências sociais, de que uma mudança radical nas nossas idéias sobre hereditariedade e evolução se faz mister, frente a supostas descobertas bombásticas na biologia molecular que traem os preceitos "genocêntricos" do darwinismo.

Entre estas, a descrição de que certos traços podem ser herdados de uma geração para outra sem correspondente variação no DNA -fenômeno chamado de "epigenética"-, ou que modificações ou surgimento de certos traços às vezes precedem variação genética nessas populações, violando o preceito de que evolução se dá exclusivamente em variações genéticas preexistentes, randômicas.

Acredita-se, por exemplo, que variações genéticas que tornaram humanos adultos tolerantes à lactose podem ter aparecido somente depois de estes terem instituído o consumo de leite, há cerca de 10 mil anos.

Se esses são os melhores argumentos justificando tal revolução conceitual, a cruzada é quixotesca, e o exército, maltrapilho. Esses novos mecanismos e conceitos vêm simplesmente agregar-se a um sem número de outras descobertas, que se tornaram possíveis nas últimas quatro décadas com o advento da biologia molecular.

O verdadeiro testemunho da herança de Charles Darwin pode ser aferido ao andar-se pelos corredores de qualquer departamento de biologia moderno. Rapidamente se verá que o anseio da senhora inglesa de abafar as idéias sobre evolução não se concretizou. Os preceitos centrais de teoria evolutiva tornaram-se o eixo de virtualmente toda a pesquisa biomédica.

Graças às teorias de genética e evolução de populações, uma nova forma de medicina, chamada farmacogenética ou "medicina individualizada", tem rapidamente se desenvolvido nos últimos anos. Hoje já é possível analisar diferenças genéticas entre pessoas e usar essa informação para escolher que remédios serão mais eficazes e terão menos efeitos colaterais para cada paciente em uma série de doenças.

Evolução e seleção natural são o motivo pelo qual ainda não existe uma cura para a Aids e pelo qual estamos perdendo a guerra contra bactérias resistentes a antibióticos.

Mas são também os conceitos que têm nos permitido procurar novas formas de combater essas doenças -por exemplo, tentando entender o que na genética faz com que algumas pessoas que são verdadeiras cartilhas ambulantes de fatores de risco nunca adoecem. Desvendados esses mecanismos, novas estratégias terapêuticas poderão ser desenvolvidas.

A procura das causas genéticas de doenças é hoje pesquisada usando os genomas de múltiplas espécies e procurando trechos de DNA que foram mantidos intactos durante longos períodos evolutivos.

O entendimento de como as proteínas -os produtos dos genes- interagem em redes complexas para desenvolver uma função biológica é também amplamente sustentado pela teoria evolutiva. São novos rearranjos e interações entre proteínas que promovem o aparecimento de "novidades" evolutivas em espécies.

Assim, uma esponja-do-mar já tem a maioria dos genes que são responsáveis pela organização do plano corporal humano. Os genes que são usados para formar dentes em peixes foram recrutados para funções diferentes quando nossos ancestrais saíram da água. Esses mesmos genes hoje coordenam a formação de estruturas aparentemente distintas como pele, glândulas mamárias e penas em aves.

Tentar descrever qualquer fenômeno biológico fora da esfera conceitual de evolução de Darwin equivale a conceber personagens sem um enredo que os contextualize e una.

(Folha de SP, 29/6)

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11. Um começo tão simples

Teoria da evolução, uma das idéias mais importantes do pensamento ocidental, nasceu há 150 anos, mas seu real impacto passou despercebido na ocasião

Claudio Angelo escreve para a “Folha de SP”:

Quase ninguém notou na hora, mas o mundo mudou no dia 1º de julho de 1858. Há 150 anos, um grupo de naturalistas reunidos na Sociedade Lineana de Londres ouviu a leitura conjunta de três textos. Seus autores eram o galês Alfred Russel Wallace e o inglês Charles Robert Darwin.

Os documentos delineavam uma "teoria muito engenhosa" para explicar "o aparecimento e a perpetuação de variedades e formas específicas no nosso planeta". Nascia a teoria da evolução pela seleção natural. Depois dela, o pensamento ocidental e a biologia nunca mais foram os mesmos.

Os membros do clubinho dos naturalistas não se deram conta do tamanho da revolução que testemunhavam. Estavam assoberbados com cinco outros trabalhos lidos na mesma ocasião, entre eles uma carta "sobre a vegetação em Angola" e a descrição de um novo gênero da família das abobrinhas. Questionado sobre o que havia sido publicado naquele ano, Thomas Bell, presidente da Sociedade Lineana, respondeu: "Nada de revolucionário".

Bell se arrependeria de seu julgamento no ano seguinte, quando Darwin detalhou a teoria evolutiva no livro "A Origem das Espécies". Na Inglaterra vitoriana, dominada pelo pensamento cristão, a obra caiu como uma bomba. Nela Darwin sugeria que todos os organismos da Terra, da mais humilde ameba até os seres humanos, descendiam de um único antepassado.

Homem e macaco, na imagem mais ilustre, partilhavam um ancestral comum (mais tarde, o bispo de Oxford perguntaria a Thomas Huxley, amigo de Darwin, se ele descendia de um macaco por parte de avô ou de avó).

Mais importante, no entanto, foi a maneira como Darwin e Wallace solucionaram o "problema das espécies". A teoria postulava que a variedade entre os indivíduos numa população surge ao acaso. Indivíduos possuidores de características que os favoreçam na "luta pela sobrevivência" na natureza tenderão a deixar mais descendentes, modificando uma população.

O acúmulo dessas modificações ao longo das eras acaba produzindo novas espécies. Não há, portanto, a necessidade de invocar a atuação divina na criação de todas as espécies. A teoria eliminou o sobrenatural da biologia, criando um cisma que se aprofundaria nas décadas posteriores.

No ano que vem, o mundo comemora o "Ano de Darwin", com os 150 anos da "Origem" e o bicentenário do nascimento do naturalista (1809-1888). Mas a revolução darwinista teve seu início de forma acanhada, no "não-evento" científico de julho de 1858 -no qual o próprio Darwin foi um mero coadjuvante.

(Folha de SP, 29/6)

Darwin plagiou a teoria da evolução de Wallace???

Grupo defende que Darwin plagiou a teoria da evolução
Paul Spencer Sochaczewski

O dia 1° de julho de 1858 foi modesto em termos de notícias na Londres vitoriana. A rainha Vitória saiu a cavalo, madame Tussaud anunciou uma nova efígie do presidente James Buchanan, dos Estados Unidos, em seu museu de cera, e o vapor North Star completou a jornada de Nova York ao porto da cidade em 11 dias e seis horas, estabelecendo um novo recorde. Mas na noite de 1° de julho, 150 anos atrás, houve um evento que, de acordo com o jornalista Arnold Brackman, representa "um dos grandes marcos históricos da civilização ocidental"

Membros da augusta Linnean Society, uma organização de cientistas londrina, assistiram a uma leitura de dois fragmentos inéditos sobre a evolução, em texto do famoso naturalista Charles Darwin, e também à leitura de um ensaio de Alfred Russell Wallace, um colega relativamente desconhecido do pesquisador.

Nenhum dos dois estava presente. Darwin estava em casa, na Inglaterra, de luto pela morte de um filho, vítima da escarlatina. Wallace estava na distante Nova Guiné, recolhendo borboletas e besouros.

O trabalho de Wallace, intitulado "Sobre a Tendência de Variedades se Afastarem Infinitamente do Tipo Original", mas conhecido como "o Estudo de Ternate", o nome da cidade do leste da Indonésia da qual ele enviou o texto para Darwin, era a primeira explicação completa sobre o processo de seleção natural, que introduziu o conceito de "sobrevivência dos mais aptos".

Para simplificar uma história complexa, como resultado do estudo de Wallace, Darwin se animou a concluir "A Origem das Espécies", publicado em 1859. Sem dúvida teremos uma blitz de mídia em 2009, quando o mundo celebrará o 150° aniversário da publicação do best seller darwiniano.

Wallace, que nem mesmo sabia que seu estudo havia sido lido na reunião da Linnean, continuou recolhendo espécimes e escrevendo sobre biogeografia, biologia das ilhas, alteração nos níveis do mar e antropologia do arquipélago malaio, uma região na qual ele passou oito produtivos anos, ainda que em relativo isolamento. Darwin, um membro da elite científica britânica, se tornou nome conhecido mundialmente.

Wallace, que deixou a escola aos 14 anos e vinha de uma família modesta, se tornou apenas uma nota de rodapé na história da ciência (ainda que uma nota importante).

Alguns pesquisadores argumentam que foi um caso de coincidência científica ¿ que os dois homens chegaram à mesma conclusão independentemente. Não seria uma ocorrência incomum: Leibniz e Newton descobriram o cálculo separadamente e mais ou menos ao mesmo tempo. O oxigênio foi descoberto por Carl Wilhelm Scheel em 1773 e por Joseph Priestly em 1774. A fotografia em cores foi descoberta quase simultaneamente por dois franceses. Quatro pesquisadores trabalhando em separado descobriram as manchas solares. O termômetro tem seis inventores, e o telescópio nove. E assim por diante.

Mas um grupo pequeno e influente conhecido como Friends of Alfred argumenta, ainda assim, que a chave da teoria da evolução foi descoberta por Wallace, e roubada dele por Darwin. Embora Darwin, mais velho e conhecido, estivesse indubitavelmente pensando sobre a evolução e recolhendo volumosos dados sobre o tema, àquela altura ele ainda não havia publicado nada a respeito.

Wallace, de sua parte, já havia escrito diversos trabalhos sobre a evolução antes do Estudo de Ternate, entre os quais a definição da "lei de Sarawak", de 1855, que definia o princípio, hoje evidente, de que "toda espécie passou a existir de forma coincidente, tanto no espaço quanto no tempo, com outra espécie preexistente e fortemente assemelhada".

É possível dizer que Darwin plagiou Wallace? A questão pode ser tratada em termos legais e em termos leigos. O advogado David Hallmark, curador da Wallace Foundation, sediada na Indonésia, aponta que, já que Darwin não havia publicado nada anteriormente sobre o tema, e que a carta de Wallace o estimulou a fazê-lo, fica implícito que Wallace foi o primeiro e Darwin o segundo.

Além disso, ao publicar seu texto, Darwin não atribuiu a Wallace o impacto do estudo de Ternate sobre o seu trabalho, mas se apropriou da teoria do naturalista mais jovem como se fosse sua, o que indicaria plágio.

Há provas circunstanciais de que Darwin sabia ter prejudicado Wallace, e que se sentia culpado por isso. Ainda que não estejamos cientes de tudo que Darwin e seus colegas conversaram ou pensavam, existe uma reveladora seqüência de cartas na qual Darwin se refere ao assunto como "um caso miserável", e define seu relacionamento com Wallace como "uma situação delicada".

Darwin admitiu, em carta ao renomado botânico Joseph Hooker (que ajudou a manipular a reunião da Linnean de forma a beneficiar o amigo), ter escrito "meia carta a Wallace na qual concedo a prioridade a ele". Darwin estava claramente dividido entre fazer o certo, por um lado, e chegar em segundo, por outro, e disse que "parece-me difícil aceitar a necessidade de perder meus muitos anos de prioridade, mas não estou certo de que isso afete a justiça básica do caso".

Por isso, resta-nos ponderar sobre justiça e história, no aniversário das leituras. Não sei ao certo se Darwin plagiou Wallace, mas sei o seguinte:

Primeiro, a teoria da evolução mudou completamente a maneira pela qual vemos a nós mesmos e o nosso lugar no universo. Foi um dos grandes saltos intelectuais da humanidade.

Segundo, a leitura de 1° de julho de 1858 teve pouquíssimo impacto. Thomas Bell, presidente da Linnean Society, escreveu no relatório de atividades daquele ano que 1858 "não foi marcado por nenhuma daquelas descobertas que revolucionam na hora o departamento da ciência em que venham a ocorrer".

Herald Tribune

Feynman você está brincando: o valor da liberdade de se duvidar em ciência???

“Esta liberdade de se duvidar é uma questão importante nas ciências e, eu acredito, em outras áreas. Ela nasceu de uma luta. Foi uma luta para ser permitido duvidar, de não ter certeza. E eu não quero que nós esqueçamos a importância da luta e, por definição, permitir que a coisa desapareça. Eu sinto uma responsabilidade como um cientista que conhece o grande valor de uma filosofia satisfatória de ignorância, e o progresso feito possível por esta filosofia, progresso que fruto da liberdade de pensamento. Eu sinto uma responsabilidade de proclamar o valor desta liberdade e ensinar que a dúvida não é para ser temida, mas que é para ser bem-vinda como a possibilidade de um novo potencial para os seres humanos. Se você sabe que você não tem certeza, você tem uma chance de melhorar a situação. Eu quero exigir esta liberdade para as futuras gerações.

A dúvida é claramente um valor nas ciências. Se for em outras áreas é uma questão aberta e uma questão incerta. Eu espero nas próximas palestras discutir este ponto e tentar demonstrar que é importante duvidar, e que a dúvida não é uma coisa temível, mas uma coisa de grande valor.” [1]

"This freedom to doubt is an important matter in the sciences and, I believe, in other fields. It was born of a struggle. It was a struggle to be permitted to doubt, to be unsure. And I do not want us to forget the importance of the struggle and, by default, to let the thing fall away. I feel a responsibility as a scientist who knows the great value of a satisfactory philosophy of ignorance, and the progress made possible by such a philosophy, progress which is the fruit of freedom of thought. I feel a responsibility to proclaim the value of this freedom and to teach that doubt is not to be feared, but that it is to be welcomed as the possibility of a new potential for human beings. If you know that you are not sure, you have a chance to improve the situation. I want to demand this freedom for future generations.

Doubt is clearly a value in the sciences. Whether it is in other fields is an open question and an uncertain matter. I expect in the next lectures to discuss that very point and to try to demonstrate that it is important to doubt and that doubt is not a fearful thing, but a thing of very great value."
– Richard Feynman, "The Meaning of It All", p. 28

Uma nova história evolutiva das aves

sábado, junho 28, 2008

Uma nova história evolutiva das aves

Análise de várias seqüências de DNA de 169 espécies redesenha árvore filogenética do grupo

Um grande estudo genético sobre as aves acaba de reescrever a história evolutiva desse grupo e revela parentescos surpreendentes. A análise de diversas seqüências de DNA de 169 espécies de aves vivas, conduzida por pesquisadores norte-americanos, confirma a idéia de que esses animais tiveram uma trajetória evolutiva complexa, mas contesta classificações existentes e altera o atual entendimento da evolução.

Elaborar a árvore evolutiva das aves tem sido uma tarefa difícil e controversa para os especialistas. As espécies modernas surgiram relativamente rápido, entre 65 e 100 milhões de anos atrás. Como resultado dessa divergência veloz e precoce, muitos grupos de aves aparentemente similares (como corujas, papagaios e pombos) têm poucas formas intermediárias – às vezes, nenhuma – que os associem a outros grupos de aves.

O novo estudo, publicado na Science desta semana, usa uma abordagem inédita para traçar a história evolutiva das aves. Durante mais de cinco anos, os pesquisadores analisaram mais de 32 mil bases de cromossomos, genes e porções não-codificadoras espalhados por 19 pontos diferentes do genoma de 169 espécies de aves dos principais grupos existentes.

Segundo os autores, foram examinados cerca de cinco vezes mais dados genéticos do que em qualquer estudo anterior. “Esse é o primeiro estudo filogenômico de aves, pois se baseia em uma grande quantidade de dados genéticos e um grande número de genes, o que reflete amplamente o genoma das espécies”, diz à CH On-line uma das autoras da pesquisa, Rebecca Kimball, da Universidade da Flórida (Estados Unidos).

A análise genética confirmou estudos morfológicos e moleculares anteriores, que apontavam uma primeira ramificação na árvore evolutiva das aves, ocupada por um grupo que inclui avestruzes e emas e algumas espécies com aparência galinácea. Em seguida, galinhas, patos e seus parentes se separaram do tronco principal. As aves restantes integram o grupo das Neoaves, representado por 95% das espécies existentes. Para esse grupo, o novo estudo encontrou divisões profundas, diferentemente de outras pesquisas.

Árvore redesenhada

A estrutura da nova árvore sugere que as espécies podem ser agrupadas, de forma mais ampla, em grupos de aves aquáticas, litorâneas e terrestres. Mas as adaptações a esses diferentes ambientes teriam surgido em vários momentos ao longo da história evolutiva. Um exemplo disso é que os flamingos e outras aves aquáticas não evoluíram de espécies da família Anatidae (como os patos), adaptadas evolutivamente para nadar, flutuar e mergulhar.

O estudo também levanta questões sobre a evolução do vôo, pois algumas aves que não voam são agrupadas com outras que têm essa habilidade. Para os cientistas, isso sugere que a capacidade de voar foi perdida separadamente em muitas espécies ou que surgiu mais de uma vez independentemente – e não uma vez em um ancestral do grupo.

Os dados genéticos revelaram ainda que modos de vida distintos, como o noturno (das corujas, por exemplo), o de rapina (de falcões, gaviões, águias etc.) e o oceânico (de fragatas, entre outros), também surgiram em diversos momentos da história evolutiva das aves. Os beija-flores, por exemplo, com seus hábitos diurnos e cores vivas, evoluíram de aves amarronzadas e noturnas conhecidas como bacurau no Brasil. Já os falcões, ao contrário do que se supõe, não são parentes próximos de gaviões e águias.

Os resultados mostram que, em muitos casos, um velho ditado popular também pode ser aplicado à aves: as aparências enganam. “Pássaros que se parecem ou agem de forma similar não estão necessariamente relacionados”, diz em comunicado à imprensa a co-autora da pesquisa Sushma Reddy, do Museu de Campo de História Natural, em Chicago (Estados Unidos).

O contrário também acontece. Várias aves que parecem muito diferentes, como pica-paus, falcões e corujas, são parentes próximos dos passerídeos, grupo que representa mais da metade de todas as espécies vivas e reúne aves geralmente pequenas e que cantam. “A descoberta mais surpreendente é que os passerídeos são mais intimamente relacionados aos papagaios”, conta Kimball. Esses novos parentescos devem mudar o entendimento científico sobre esse grupo.

“Nossas conclusões desafiam as classificações e alteram nosso entendimento da evolução de características”, destacam os autores no artigo. Segundo Kimball, cerca de 1/3 das classificações existentes diferem das da análise filogenômica.

Mas os pesquisadores ressaltam que ainda há muitas questões a serem respondidas na história evolutiva das aves. Eles pretendem agora coletar mais dados para tentar preencher essas lacunas e confirmar suas conclusões, além de ampliar o número de espécies estudadas.


Thaís Fernandes
Ciência Hoje On-line
26/06/2008

EXTRA! EXTRA! Deram uma baita sacudida na árvore evolutiva das aves

sexta-feira, junho 27, 2008

O bom dessa história é que os teóricos e biólogos vão ter mais trabalho para "lançar luz" sobre a evolução das aves.

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Bird evolutionary tree given a shake by DNA study

19:00 26 June 2008

NewScientist.com news service

Bob Holmes

A new study - the largest analysis of birds to date using modern genetic methods - has turned up numerous surprising relationships that will force biologists to reevaluate much of what they thought they knew about avian evolution.

Until now, this evolutionary history has been something of a mystery, because most modern orders of birds arose in a sudden burst of innovation sometime between 65 and 100 million years ago. This left few intermediate forms to help biologists discern the evolutionary relationships among orders.

"It's one of the last big mysteries of birds - trying to figure out how these orders, which look so cohesive in themselves, are grouped together," says Sushma Reddy, an evolutionary biologist at the Field Museum of Natural History in Chicago, US.

The few genetic comparisons among orders have tended to focus on one or a few genes, and have yielded inconsistent results.

Odd cousins

To resolve this problem, Reddy and her colleagues sequenced 19 regions of the genome of 169 species of birds - a total of 32,000 DNA "letters" per species - then used the sequences to construct the most robust avian evolutionary tree ever made.

This new tree contains several notable surprises. For example, falcons are more closely related to songbirds than to other hawks and eagles. The closest kin of the diving birds called grebes turn out to be flamingos. And tiny, flashy hummingbirds, according to the new tree, are just a specialised form of nighthawks, whose squat, bulky bodies make them an unlikely cousin.

In fact, the new tree ended up regrouping about a third of all the orders in earlier phylogenies of birds. "That shows you how inconsistent it has been," says Reddy.
Flight of fantasy?

The new tree may have profound implications for our understanding of the major innovations in the evolutionary history of birds, says Joel Cracraft curator of ornithology at the American Museum of Natural History in New York, US.

For example, the new tree puts an order of flying birds, the tinamous, squarely in the midst of the flightless ostriches, emus and kiwis.

If true, this implies either that flightlessness evolved at least twice in this lineage, or else that the tinamous re-evolved flight from a flightless ancestor. "A lot of us actually don't believe their result," says Cracraft, who says that further studies will be needed to resolve the issue.

The new family tree adds a further novel twist by suggesting that the closest relatives of perching birds, or passerines, are parrots. This needs further corroboration but, if true, evolutionary biologists will at last have a firm starting point for understanding the evolution of the perching birds, which are by far the largest and most successful order of birds.

Journal reference: Science (DOI: 1.1126/science.1157704)

Mais uma evidência de Design Inteligente

quinta-feira, junho 26, 2008

Essas máquinas moleculares eram totalmente desconhecidas por Darwin.[6m50seg duração]

A pergunta que não quer calar: Design ou Acaso, Necessidade, Chance, Mutações filtradas pela Seleção Natural, e Tempo dariam conta de tanta complexidade???

Teoria da Evolução: Veja ainda não redescobriu a qualidade

quarta-feira, junho 25, 2008

Este blog é para o Alberto Dines, do Observatório da Imprensa: a VEJA somente redescobrirá a qualidade qua revista informativa quando fizer o mesmo com a teoria da evolução por meio da seleção natural de Darwin!

Mesmo assim, parabéns VEJA pela reportagem sobre o Big-Bang!!!

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LEITURAS HEBDOMADÁRIAS
Big-Bang: Veja redescobre a qualidade

Por Alberto Dines em 24/6/2008


Ao aproximar-se dos 40 anos de idade, o semanário de notícias da Editora Abril – o mais antigo do gênero no país – resolveu presentear-se e promoveu um benfazejo reencontro consigo mesmo.

A matéria de capa da edição nº 2066 sobre a origem do universo é, entre outras coisas, uma sutil homenagem ao patriarca do jornalismo brasileiro, Hipólito da Costa, também nosso primeiro jornalista científico (e primeiro jornalista econômico e primeiro jornalista político e primeiro crítico da imprensa e primeiro paladino da liberdade de expressão etc., etc; só não foi nosso primeiro jornalista desportivo porque o título deve pertencer a alguém da família de Nelson Rodrigues).

A esmerada investigação do repórter Rafael Corrêa, primorosamente editada e ilustrada pela designer Andréia Caires, resultou num caderno de 55 páginas onde um assunto impenetrável, até então reservado aos cosmólogos, astrofísicos, físicos, filósofos e teólogos torna-se fascinante leitura.

Tudo começa com o acelerador de partículas (LHC) que está sendo instalado em Genebra para "brincar de Deus": fantástica máquina de 12.500 toneladas que deverá custar 8 bilhões de dólares para reproduzir as especialíssimas circunstâncias que se seguiram ao Big Bang e permitiram o início da vida.

A revista informa que o repórter visitou dez instituições científicas nos dois lados do Atlântico, entrevistou 28 cientistas, inclusive brasileiros, e que o trabalho final foi submetido a uma equipe de sete consultores científicos.

Parabéns, o Todo-Poderoso agradece o empenho e aproveita para lembrar uma frase de Samuel Wainer: "Deus só ajuda os bons jornalistas". Em miúdos: um mau jornalista certamente estaria de costas na hora do Big Bang.

Dilema existencial

Todo jornalismo é científico, empirismo só vale para palpites. Tudo é Big Bang, inclusive os sussurros soprados por fontes secretas ou captados em grampos. Tudo o que acontece, transforma.

E o que acontece (fato ou fenômeno) deve ser zelosamente reconstituído, responsavelmente investigado e apresentado seja no vazio cósmico, no Éden, no morro da Providência, em Roraima ou Navarra (onde o jornalismo virou picadinho).

Sem apuração, checagem e contra-checagem só se produz "cascata" ou sacadas tipo "boimate" que a mesma Veja publicou há um quarto de século e pela qual até hoje não pediu desculpas aos leitores.

O aparato empregado para produzir um dossiê de meia centena de páginas é necessariamente maior e mais sofisticado, porém uma matéria de apenas uma página na seção de Cultura deve ser escrita com igual rigor e probidade.

Se o presidente Lula ou a ministra Dilma Rousseff tivessem algo a ver com o Big Bang ou com as experiências que ocorrerão no acelerador de partículas de Genebra, dificilmente teríamos um relato tão isento e didático. Este é o dilema existencial de Veja: para fidelizar o leitorado optou por transformar-se num periódico político, jornalisticamente incorreto. Parcial: da primeira à última página. Ops, erramos: da primeira à penúltima página, já que a última é ocupada por um ensaísta sereno.

Função do jornalismo

O portentoso Big Bang de Veja tem tudo para transformar-se em marco. Mostrou que jornalismo e esmero não são incompatíveis, exibiu um caminho novo para agarrar o leitor: tratando-o como um ser inteligente.

O ressentimento que a revista tem destilado nos últimos tempos infiltrou-se tanto no ânimo de seus admiradores como nos detratores. O "estilo Veja de enxovalhar" transbordou, tornou-se endêmico: está nos comentários de blogueiros delirantes e de críticos de mídia que jamais pisaram numa redação. A eqüidistância "científica" deste material deveria ser adotada como padrão. Dificilmente incomodará os crentes ou agnósticos, criacionistas ou evolucionistas, apocalípticos ou místicos. Fará pensar – esta é a função do jornalismo.

O que distingue o jornalista não é o diploma, é a capacidade de estimular o intelecto da sua audiência. O resto é almanaque ou espetáculo.

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As soluções visuais adotadas neste Big Bang liquidam as brincadeirinhas gráficas usualmente denominadas "infográficos". Não são acessórios, nem complementos, organizam o relato (na linha do conceito editing by design desenvolvido por Jan White nos bons tempos em que a Editora Abril se preocupava com estas coisas).

Nova versão da Plataforma Lattes

Plataforma Lattes tem nova versão

25/06/2008

Agência FAPESP – Facilidade no preenchimento, na recuperação de dados de publicações e citações de artigos, além de versão em inglês para a entrada e recuperação dos currículos são algumas das novidades na Plataforma Lattes.

A nova versão será lançada nesta quarta-feira (25/6) pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Editora Elsevier.

A Plataforma Lattes é um sistema desenvolvido e implantado pelo CNPq, que disponibiliza em sua base de dados 1,14 milhão de currículos de pesquisadores, tecnólogos e estudantes das mais diversas áreas do conhecimento que atuam em ciência, tecnologia e inovação. Desse total, 9% são doutores, 15 % mestres e 8% alunos de pós-graduação.

Segundo o CNPq, uma parceria firmada com a Elsevier permitirá o acesso a citações dos artigos registrados pelos pesquisadores na plataforma nos mais de 16 mil periódicos científicos que compõem a base Scopus, uma extensa base de resumos e citações de literatura científica.

O novo sistema permitirá a recuperação do número de citações dos artigos registrados no Lattes e exibi-lo ao lado da referência do artigo, juntamente com link para os artigos que o citaram na Scopus. Caso a busca esteja sendo feita em instituição com acesso ao Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o usuário terá acesso ao conteúdo do artigo.

A nova versão da Plataforma Lattes possui funcionalidade que permite o acesso à base de dados da organização Crossref, responsável por manter o registro do Identificador Digital (DOI) e de metadados de mais de 32 milhões de publicações científicas. Com isso, o pesquisador poderá recuperar todos os dados de sua publicação apenas fornecendo o DOI da mesma, facilitando o preenchimento e garantindo a qualidade da informação na Plataforma Lattes.

Além da versão em inglês para a entrada e a recuperação dos currículos, o Lattes contará, também, com um novo motor de buscas para acesso mais rápido às informações, mesmo naquelas mais complexas e com palavras-chave altamente citadas nos currículos. A busca passa, ainda, a exibir a freqüência com que as palavras-chave informadas aparecem nos currículos recuperados, com ordenação por campo.

Por meio de permissão de uso concedida pelo CNPq, a Plataforma Lattes é utilizada por oito países da América do Sul e África.

Mais informações: http://lattes.cnpq.br

A Era Petabyte tornará obsoleto o método científico?

segunda-feira, junho 23, 2008

Feyerabend, onde você estiver, o seu anarquismo metodológico está sendo vindicado. Este blog é pra você: diante do ‘dilúvio’ de dados o método científico vai se tornar obsoleto.

Alô comunidade científica tupiniquim, acorda que a era Petabyte já chegou e os modelos científicos pós-positivistas não se sustentam mais diante da avalanche de informações e evidências encontradas na natureza. O limite do método científico é muito maior do que nós imaginávamos, e não há mais espaço para tanta arrogância epistêmica.

Viva o anarquismo metodológico de Feyerabend!!!

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The End of Theory: The Data Deluge Makes the Scientific Method Obsolete

By Chris Anderson

"All models are wrong, but some are useful."

So proclaimed statistician George Box 30 years ago, and he was right. But what choice did we have? Only models, from cosmological equations to theories of human behavior, seemed to be able to consistently, if imperfectly, explain the world around us. Until now. Today companies like Google, which have grown up in an era of massively abundant data, don't have to settle for wrong models. Indeed, they don't have to settle for models at all.

Sixty years ago, digital computers made information readable. Twenty years ago, the Internet made it reachable. Ten years ago, the first search engine crawlers made it a single database. Now Google and like-minded companies are sifting through the most measured age in history, treating this massive corpus as a laboratory of the human condition. They are the children of the Petabyte Age.

The Petabyte Age is different because more is different. Kilobytes were stored on floppy disks. Megabytes were stored on hard disks. Terabytes were stored in disk arrays. Petabytes are stored in the cloud. As we moved along that progression, we went from the folder analogy to the file cabinet analogy to the library analogy to — well, at petabytes we ran out of organizational analogies.

At the petabyte scale, information is not a matter of simple three- and four-dimensional taxonomy and order but of dimensionally agnostic statistics. It calls for an entirely different approach, one that requires us to lose the tether of data as something that can be visualized in its totality. It forces us to view data mathematically first and establish a context for it later. For instance, Google conquered the advertising world with nothing more than applied mathematics. It didn't pretend to know anything about the culture and conventions of advertising — it just assumed that better data, with better analytical tools, would win the day. And Google was right.

Google's founding philosophy is that we don't know why this page is better than that one: If the statistics of incoming links say it is, that's good enough. No semantic or causal analysis is required. That's why Google can translate languages without actually "knowing" them (given equal corpus data, Google can translate Klingon into Farsi as easily as it can translate French into German). And why it can match ads to content without any knowledge or assumptions about the ads or the content.

Speaking at the O'Reilly Emerging Technology Conference this past March, Peter Norvig, Google's research director, offered an update to George Box's maxim: "All models are wrong, and increasingly you can succeed without them."

This is a world where massive amounts of data and applied mathematics replace every other tool that might be brought to bear. Out with every theory of human behavior, from linguistics to sociology. Forget taxonomy, ontology, and psychology. Who knows why people do what they do? The point is they do it, and we can track and measure it with unprecedented fidelity. With enough data, the numbers speak for themselves.
The big target here isn't advertising, though. It's science. The scientific method is built around testable hypotheses. These models, for the most part, are systems visualized in the minds of scientists. The models are then tested, and experiments confirm or falsify theoretical models of how the world works. This is the way science has worked for hundreds of years.

Scientists are trained to recognize that correlation is not causation, that no conclusions should be drawn simply on the basis of correlation between X and Y (it could just be a coincidence). Instead, you must understand the underlying mechanisms that connect the two. Once you have a model, you can connect the data sets with confidence. Data without a model is just noise.

But faced with massive data, this approach to science — hypothesize, model, test — is becoming obsolete. Consider physics: Newtonian models were crude approximations of the truth (wrong at the atomic level, but still useful). A hundred years ago, statistically based quantum mechanics offered a better picture — but quantum mechanics is yet another model, and as such it, too, is flawed, no doubt a caricature of a more complex underlying reality. The reason physics has drifted into theoretical speculation about n-dimensional grand unified models over the past few decades (the "beautiful story" phase of a discipline starved of data) is that we don't know how to run the experiments that would falsify the hypotheses — the energies are too high, the accelerators too expensive, and so on.

Now biology is heading in the same direction. The models we were taught in school about "dominant" and "recessive" genes steering a strictly Mendelian process have turned out to be an even greater simplification of reality than Newton's laws. The discovery of gene-protein interactions and other aspects of epigenetics has challenged the view of DNA as destiny and even introduced evidence that environment can influence inheritable traits, something once considered a genetic impossibility.
In short, the more we learn about biology, the further we find ourselves from a model that can explain it.

There is now a better way. Petabytes allow us to say: "Correlation is enough." We can stop looking for models. We can analyze the data without hypotheses about what it might show. We can throw the numbers into the biggest computing clusters the world has ever seen and let statistical algorithms find patterns where science cannot.

The best practical example of this is the shotgun gene sequencing by J. Craig Venter. Enabled by high-speed sequencers and supercomputers that statistically analyze the data they produce, Venter went from sequencing individual organisms to sequencing entire ecosystems. In 2003, he started sequencing much of the ocean, retracing the voyage of Captain Cook. And in 2005 he started sequencing the air. In the process, he discovered thousands of previously unknown species of bacteria and other life-forms.

If the words "discover a new species" call to mind Darwin and drawings of finches, you may be stuck in the old way of doing science. Venter can tell you almost nothing about the species he found. He doesn't know what they look like, how they live, or much of anything else about their morphology. He doesn't even have their entire genome. All he has is a statistical blip — a unique sequence that, being unlike any other sequence in the database, must represent a new species.

This sequence may correlate with other sequences that resemble those of species we do know more about. In that case, Venter can make some guesses about the animals — that they convert sunlight into energy in a particular way, or that they descended from a common ancestor. But besides that, he has no better model of this species than Google has of your MySpace page. It's just data. By analyzing it with Google-quality computing resources, though, Venter has advanced biology more than anyone else of his generation.

This kind of thinking is poised to go mainstream. In February, the National Science Foundation announced the Cluster Exploratory, a program that funds research designed to run on a large-scale distributed computing platform developed by Google and IBM in conjunction with six pilot universities. The cluster will consist of 1,600 processors, several terabytes of memory, and hundreds of terabytes of storage, along with the software, including Google File System, IBM's Tivoli, and an open source version of Google's MapReduce. Early CluE projects will include simulations of the brain and the nervous system and other biological research that lies somewhere between wetware and software.

Learning to use a "computer" of this scale may be challenging. But the opportunity is great: The new availability of huge amounts of data, along with the statistical tools to crunch these numbers, offers a whole new way of understanding the world. Correlation supersedes causation, and science can advance even without coherent models, unified theories, or really any mechanistic explanation at all.
There's no reason to cling to our old ways. It's time to ask: What can science learn from Google?

Chris Anderson (canderson@wired.com) is the editor in chief of Wired.

Duas maneiras ruins de atacar o Design Inteligente e duas boas

Duas maneiras ruins de atacar o Design Inteligente e duas boas
Este artigo de Jeffrey Koperski deve ser lido por darwinistas e proponentes do Design Inteligente:

TWO BAD WAYS TO ATTACK INTELLIGENT DESIGN AND TWO GOOD ONES

Zygon®

Volume 43 Issue 2 Page 433-449, June 2008

To cite this article: Jeffrey Koperski (2008)

TWO BAD WAYS TO ATTACK INTELLIGENT DESIGN AND TWO GOOD ONES

Zygon® 43 (2) , 433–449 doi:10.1111/j.1467-9744.2008.00926.x

Jeffrey Koperski11Professor of Philosophy, Saginaw Valley State University, 7400 Bay Road, University Center, MI 48710; e-mail koperski@svsu.edu.

Professor of Philosophy, Saginaw Valley State University, 7400 Bay Road, University Center, MI 48710; e-mail koperski@svsu.edu.

Abstract

Four arguments are examined in order to assess the state of the Intelligent Design debate. First, critics continually cite the fact that ID proponents have religious motivations. When used as criticism of ID arguments, this is an obvious ad hominem. Nonetheless, philosophers and scientists alike continue to wield such arguments for their rhetorical value. Second, in his expert testimony in the Dover trial, philosopher Robert Pennock used repudiated claims in order to brand ID as a kind of pseudoscience. His arguments hinge on the nature of methodological naturalism as a metatheoretic shaping principle. We examine the use of such principles in science and the history of science. Special attention is given to the demarcation problem. Third, the scientific merits of ID are examined. Critics rightly demand more than promissory notes for ID to move beyond the fringe. Fourth, although methodological naturalism gets a lot of attention, there is another shaping principle to contend with, namely, conservatism. Science, like most disciplines, tends to change in an incremental rather than revolutionary manner. When ID is compared to other non- or quasi-Darwinian proposals, it appears to be a more radical solution than is needed in the face of the anomalies.

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Nota do blogger: Este artigo pode ser baixado gratuitamente por professores, pesquisadores e alunos de universidades públicas e privadas no site da CAPES Periódicos

Micróbios “predizem” o futuro!!!

sexta-feira, junho 20, 2008

Cientistas da Universidade Princeton publicam na revista Science que a vida no nível mais rudimentar “antecipa o futuro” e adapta-se a si mesma.

Abstract:

The homeostatic framework has dominated our understanding of cellular physiology. We question whether homeostasis alone adequately explains microbial responses to environmental stimuli, and explore the capacity of intracellular networks for predictive behavior in a fashion similar to metazoan nervous systems. We show that in silico biochemical networks, evolving randomly under precisely defined complex habitats, capture the dynamical, multidimensional structure of diverse environments by forming internal representations that allow prediction of environmental change.

We provide evidence for such anticipatory behavior by revealing striking correlations of Escherichia coli transcriptional responses to temperature and oxygen perturbations—precisely mirroring the covariation of these parameters upon transitions between the outside world and the mammalian gastrointestinal tract. We further show that these internal correlations reflect a true associative learning paradigm, because they show rapid decoupling upon exposure to novel environments.


PDF do artigo em inglês gratuito aqui.

Morra logo e salve o planeta Terra!!!

quarta-feira, junho 18, 2008

Com toda a esquizofrenia a la Al Gore de que o aquecimento global é antropogenicamente provocado, a solução niilista é morrer logo e salvar o planeta Terra.

Clique aqui, calcule e saiba mais sobre como salvar o planeta Terra da destruição: MORRA!!!

Planejando a estratégia de entrada da Síntese Evolutiva Ampliada

terça-feira, junho 17, 2008

Em julho de 2008, 16 cientistas se reunirão em Altenberg, Áustria para considerar as bases da nova teoria da evolução: Síntese Evolutiva Ampliada. Uma teoria evolutiva que não será selecionista. Interessante este artigo do Dr. Steve Fuller sobre o planejar uma estratégia de saída do darwinismo.

Fui, esperando que julho de 2008 chegue logo: evolucionistas do mundo inteiro, uni-vos, a única coisa que vocês têm a perder são as algemas epistêmicas de uma teoria evolutiva do século XIX que não resiste às evidências encontradas por diversas áreas do conhecimento científico do século XXI.

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Futures 38 (2006) 1132–1137
Trajectories
Designing an exit strategy from Darwinism
Steve Fuller
Department of Sociology, University of Warwick, Coventry CV4 7AL, UK

“... No entanto, pesquisa biológica publicada surpreendentemente faz pouca referência à evolução ou ao seu principal processo darwiniano, ‘seleção natural’. No período de 1960 a 2006, [a palavra] ‘evolução e suas variantes apareceram em palavras-chave e resumos de 12%, a ‘seleção natural’ em meros 4/10%, dos itens compilados nas duas principais bases de dados de biologia [2]. Uma conferência do uso da palavra ‘evolução’ nesses itens revela que a palavra é usada para cobrir tanto a observável, freqüentemente induzida, ‘microevolução’ no laboratório e as inferências mais especulativas concernente à ‘macroevolução’ no passado distante baseado no registro fóssil. A síntese neodarwinista consiste grandemente de uma nota promissória ampliada para o efeito que estes dois sentidos da palavra ‘evolução’ são definitivamente os mesmos.”

NOTA 2: Estes números são baseados em aproximadamente 1.3 milhões de artigos que foram pesquisados nas Biological Sciences and Biology Databases online no dia 25 de outubro de 2005. Além disso, a incidência dos termos darwinianos tem aumentado ao longo dos anos — o que não é o que alguém esperaria tivesse o darwinismo sido empiricamente estabelecido antes de 1960 e agora está sendo considerado como verdade sem perguntas.

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“Nevertheless, published biological research makes surprisingly little reference to
evolution or its principal Darwinian process, ‘natural selection’. In the period 1960 to 2006, ‘evolution’ and its variants appeared in the keywords and abstracts of 12%, and ‘natural selection’ in a mere 4/10%, of items compiled in the two main biology databases [2]. A spot check of the usage of ‘evolution’ in these items reveals that the word is used to cover both observable, often experimentally induced, ‘microevolution’ in the laboratory and more speculative inferences concerning ‘macroevolution’ in the distant past based on the fossil record. The neo-Darwinian synthesis consists largely of an extended promissory note to the effect that these two senses of ‘evolution’ are ultimately the same.” p. 1132

NOTE 2: These figures are based on the nearly 1.3 million articles that were searched in the on-line Biological Sciences and Biology Databases on 25 October 2005. Moreover, the incidence of the Darwinian terms has been steadily increasing over the years—which is not what one would expect had Darwinism been empirically established before 1960 and is now taken as true without question.

Limites empíricos do conhecimento científico

segunda-feira, junho 16, 2008

Vale a pena conferir e baixar PDFs, MP3,PPTs e vídeos das palestras [em inglês] sobre os limites do conhecimento científico do workshop realizado na Universidade de Düsseldorf, Alemanha, 10-12 de abril de 2008.
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Theoretical Frameworks and Empirical Underdetermination Workshop

April 10-12 2008, University of Düsseldorf.

Workshop organisers: Gerhard Schurz and Ioannis Votsis.

The aim of the workshop was to explore new and fruitful avenues concerning the empirical limits of scientific knowledge. It brought together some of the world’s leading experts in the scientific realism debate to discuss the latest developments in the field. Topics discussed included structural realism, underdetermination, empirical equivalence, the pessimistic meta-induction argument, the reference of scientific terms and inference to the best explanation. The programme commenced with a eulogy to the late Peter Lipton, who was originally scheduled to give a talk at the workshop. David Papineau who had known Peter for over twenty years gave the eulogy.

Reunião Anual da SBPC: Programação preliminar já pode ser consultada

sexta-feira, junho 13, 2008

JC e-mail 3532, de 13 de Junho de 2008.

1. Reunião Anual da SBPC: Programação preliminar já pode ser consultada

Encontro acontece de 13 a 18 de julho, na Unicamp, com tema “Energia – Ambiente – Tecnologia”

As atividades da programação sênior da Reunião Anual, que incluem conferências, simpósios e mesas-redondas, estão divididas em núcleos temáticos. São eles:

- Os 60 anos da SBPC

- Etanol de cana-de-açúcar

- Conhecimento, desenvolvimento e inovação tecnológica

- Aquecimento global e ambiente

- Biodiversidade e conservação

- Darwin: 150 anos da origem das espécies

- Experimentação com animais de laboratório

- Pesquisa científica e legislação brasileira

- Educação para a ciência no ensino básico

- Cidade como espaço social

- 100 anos da imigração japonesa

- Programa Cbers – o Brasil como ator global nas áreas de espaço e ambiente

- Multidiversidade cultural

- Saúde pública: doenças endêmicas

- O papel da Embrapa na produção de biocombustíveis

- Ano Internacional do Planeta Terra

- Sessão Conrado Wessel

Estão confirmadas as conferências dos ministros da C&T, Sergio Rezende, sobre a “Política Nacional de C&T”, e da Educação, Fernando Haddad, sobre “Educação brasileira: desafios e perspectivas”.

Para conhecer a programação preliminar da Reunião Anual, acesse aqui.

Será que a teoria da origem e evolução das espécies do século XIX sobreviverá?

“Nós precisamos sempre ter em mente que as teorias que nós hoje acreditamos como sendo verdadeiras são tão falseáveis quanto as teorias que nós consideramos como tendo sido falsificadas.” Mary Hesse, filósofa da c iência citada pelo Dr. Steven Goldman na série Science Wars [Guerras da ciência] da Teaching Company, palestra 24; que ele acrescentou: “E as teorias que nós hoje consideramos como sendo verdadeiras são tão prováveis de serem falsificadas nos próximos cem anos como as teorias que nós olhamos retrospectivamente como tendo sido falsificadas nos últimos cem anos.” Ele destacou que quase nada do que os cientistas acreditaram em 1900 sobre o átomo, a célula, genética, espaço, tempo, a Terra ou o Universo é considerado válido hoje.

Darwin, está na hora de pegar o boné epistêmico do século XIX, mais o remendo epistêmico da Síntese Moderna do século XX, e deixar a biologia evolutiva do século XXI adotar a Síntese Moderna Ampliada que não será uma teoria evolutiva selecionista.

Adios, Darwin!

“We need always to keep in mind that the theories we currently believe to be true are just as falsifiable as the theories we look back on as having been falsified”

—Mary Hesse, philosopher of science, as quoted by Dr Steven Goldman in the Teaching Company series Science Wars, lecture 24; to which he added, “And the theories we currently hold to be true are as likely to be falsified in the next hundred years as the theories we look back on as having been falsified in the last hundred years.” He pointed out that almost nothing scientists believed in 1900 about the atom, the cell, genetics, space, time, the earth or the universe is considered valid today.

A família em torno dos livros

Este blog aqui é pela democratização do conhecimento. Entendemos que o conhecimento se dá pela livre circulação e debate das idéias. Apesar de ser utópica a frase de Ziraldo - "nenhuma criança vai crescer sem saber ler" neste Brasil de políticos corruptos, e de intelectuais e da Grande Mídia que beijam as mãos e os pés dos poderosos de plantão, e de sua população que não se indigna mais publicamente com este estado de coisas, eu entendo que sem utopias não se avança na esperança de uma vida e de um mundo melhor. Valeu Ziraldo!

Por achar interessante esta postagem do blog do Galeno Amorim, resolvi postá-la:


A família em torno dos livros


Imagem de Ziraldo

Local: Brasília (DF)

Nenhuma criança brasileira vai crescer sem saber ler! Ou sem gostar de ler! A promessa, gravada em letras garrafais na imagem ao lado, vem logo na capa de uma cartilha lançada pelo Ministério da Educação (MEC). O material, ilustrado pelo cartunista Ziraldo, tem linguagem simples e direta e convoca as famílias a se envolver na educação das crianças. Entre as dicas que ela traz, diz que antes de aprender qualquer outra coisa nossas crianças devem aprender a ler, escrever e contar. E que os pais podem participar com dicas para que elas aprendam a gostar de ler. E também lendo para e com os seus filhos. As cartilhas serão distribuídas a famílias de todo o país.

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Tirando o chapéu para o blog do Galeno Amorim.

David Berlinski: um judeu agnóstico contra a tirania darwinista

quarta-feira, junho 11, 2008

Imperdível a entrevista com David Berlinski, um judeu agnóstico, contra a tirania do darwinismo qua ideologia.[Em inglês, sorry periferia]



Berlinski à direita conversando com Ben Stein (centro) e o Dr. Gerald Schroeder [um físico judeu] em frente do que sobrou do Muro da Vergonha em Berlim, Alemanha.

Palestra de Steve Fuller sobre a natureza humana

Palestra de Steve Fuller sobre a natureza humana [59’29’’].

O Dr. Steve Fuller é professor de sociologia na University of Warwick.

Eu tenho o privilégio de vez em quando trocar idéias por e-mail com este polêmico e controverso professor de sociologia.

Ele é autor de vários livro. Destaco este que tem a ver com a controvérsia Design versus Darwin: Dissent over Descent. Pode ser adquirido na Amazon ou encomendado na Livraria Cultura.

Pro bonum Scientiae, que a tribo do Steve aumente na Academia.

Darwin locuta, evolutio finita: Natura non facit saltum!

terça-feira, junho 10, 2008

A evolução orgânica através da seleção natural proposta por Darwin é feita em lentas e infinitesimais etapas graduais de mutações filtradas pela seleção natural (e outros mecanismos evolutivos) ao longo do tempo.

Darwin falou e disse: "Natura non facit saltum!"

BOMBA! BOMBA! Homem-mulher vai dar à luz daqui a um mês!!!

segunda-feira, junho 09, 2008

Eu vou sair da linha editorial deste blog tão-somente para dar destaque a esta notícia: um homem, biologicamente mulher, vai dar à luz a um bebê daqui a um mês!!!

Pelo estardalhaço do tablóide inglês, eu daqui ouço o tilintar de muitas libras esterlinas £££!!!

Clique aqui para ler a reportagem em inglês.

Artigo sobre ouriço-do-mar me deixou "ouriçado": Design Inteligente?

sábado, junho 07, 2008

The Sea Urchin Embryo as a Model for Mammalian Developmental
Neurotoxicity: Ontogenesis of the High-Affinity Choline Transporter and Its
Role in Cholinergic Trophic Activity

Dan Qiao,1 Lyudmila A. Nikitina,2 Gennady A. Buznikov,1,2,3 Jean M. Lauder,2 Frederic J. Seidler,1 and Theodore A.Slotkin1

1Department of Pharmacology and Cancer Biology, Duke University Medical Center, Durham, North Carolina, USA; 2Department of Cell and Developmental Biology, University of North Carolina School of Medicine, Chapel Hill, North Carolina, USA; 3N.K. Koltzov Institute of Developmental Biology, Russian Academy of Sciences, Moscow, Rússia

Embryonic development in the sea urchin requires trophic actions of the same neurotransmitters that participate in mammalian brain assembly. We evaluated the development of the high-affinity choline transporter, which controls acetylcholine synthesis. A variety of developmental neurotoxicants affect this transporter in mammalian brain. [3H]Hemicholinium-3 binding to the transporter was found in the cell membrane fraction at stages from the unfertilized egg to pluteus, with a binding affinity comparable with that seen in mammalian brain. Over the course of development, the concentration of transporter sites rose more than 3-fold, achieving concentrations comparable with those of cholinergically enriched mammalian brain regions. Dimethylaminoethanol (DMAE), a competitive inhibitor of choline transport, elicited dysmorphology beginning at the mid-blastula stage, with anomalies beginning progressively later as the concentration of DMAE was lowered.

Pretreatment, cotreatment, or delayed treatment with acetylcholine or choline prevented the adverse effects of DMAE. Because acetylcholine was protective at a lower threshold, the DMAEinduced defects were most likely mediated by its effects on acetylcholine synthesis. Transient removal of the hyaline layer enabled a charged transport inhibitor, hemicholinium-3, to penetrate sufficiently to elicit similar anomalies, which were again prevented by acetylcholine or choline.

These results indicate that the developing sea urchin possesses a high-affinity choline transporter analogous to that found in the mammalian brain, and, as in mammals, the functioning of this transporter plays a key role in the developmental, trophic activity of acetylcholine. The sea urchin model may thus be useful in high-throughput screening of suspected developmental neurotoxicants.

Key words: cholinergic phenotype, choline transporter, dimethylaminoethanol, hemicholinium-3, sea urchin embryo. Environ Health Perspect 111:1730–1735 (2003). doi:10.1289/ehp.6429 available via http://dx.doi.org/ [Online 30 July 2003]

PDF gratuito aqui.

Mackenzie disponibiliza vídeos do I Simpósio Internacional Darwinismo Hoje

sexta-feira, junho 06, 2008



Vídeos do I Simpósio Internacional Darwinismo Hoje

Formato dos Vídeos

Flash Video - FLV - 640x480 - 640Kbps
Windows Media - WMV - 320x240 - 320Kbps
Salvar - Opção de Download

08/04/2008

Dr. Paul Nelson - 08/04/2008 - Tarde
Dr. Paul Nelson - 08/04/2008 - Noite

09/04/2008

Dr. Aldo de Araújo - 09/04/2008 - Manhã
Dr. Ruy Carlos Vieira - 09/04/2008 - Manhã

Mesa Redonda - 09/04/2008 -

10/04/2008

Dr. Paul Nelson - 10/04/2008 - Manhã

Obs:Software (Free FLV Player) gratuito para assistir os vídeos no formato FLV.

Mudança paradigmática abrupta: em geologia, é claro!

Mudança paradigmática abrupta: em geologia, é claro! E em biologia evolutiva???

Não existe Theoria perennis em ciência. Como bem disse Bachelard, o conhecimento que temos da realidade é “aproximado”, e “outros olhares” são mais do que bem-vindo: são fundamentalmente necessários para podar a síndrome narcisista de alguns cientistas que “congelam” as imagens epistêmicas de uma teoria científica, e são, intencionalmente, epistemicamente estrábicos para “outros olhares” da realidade.

O bom em ciência, é que a verdade científica hoje (pode ser também a verdade do século 19), pelo vigor das evidências contrárias, pode se mostrar “não-verdade”. E o caso aqui com as teorias tectônicas.

A verdade teórica da biologia evolutiva do século 19, com reformas implementadas pela Síntese Moderna dos anos 1930-1940, vai ser suplantada pela Síntese Moderna Ampliada. Uma teoria da evolução que não será selecionista.

Darwin, que ficou impressionado com a cordilheira dos Andes, e atribuiu o surgimento dela pelo gradualismo geológico, mais uma vez está sendo contestado pelo vigor das evidências contrárias.

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Fase de crescimento

06/06/2008

Agência FAPESP – Os Andes podem não ter se formado gradualmente como sugeriam as teorias tectônicas predominantes. De acordo com um estudo realizado por pesquisadores norte-americanos, a segunda maior cadeia de montanhas do planeta irrompeu abruptamente, dobrando de tamanho durante um curto período geológico, de 2 milhões a 4 milhões de anos.

O estudo, coordenado por Carmala Garzione, professora de geologia da Universidade de Rochester, teve seus resultados publicados na edição atual da revista Science. De acordo com a pesquisadora, com a descoberta a teoria da tectônica de placas precisará ser substancialmente modificada para incluir um processo conhecido como “delaminação”.

O método tradicional para avaliar o crescimento de montanhas consiste em estudar a história das dobras e falhas na crosta terrestre. Sob esse paradigma, os geólogos estimavam que os Andes teriam crescido gradualmente ao longo dos últimos 40 milhões de anos.

Carmala e sua equipe utilizaram técnicas desenvolvidas recentemente para medir como as precipitações e a temperatura da superfície alteram a composição química do solo de uma montanha. Estudando as bacias sedimentares dos Andes, a equipe conseguiu determinar quando e em que altitude esses sedimentos foram depositados.

Os registros de mudanças de altitude mostram que os Andes cresceram lentamente por dezenas de milhões de anos mas subitamente aumentaram muito mais rapidamente entre 10 milhões e 6 milhões de anos atrás.

O trabalho de um dos orientandos de pós-doutorado de Carmala, Gregory Hoke, corrobora a teoria do crescimento rápido e mostra que não apenas as montanhas, mas uma ampla região de mais de 560 quilômetros de largura teria se elevado em grau semelhante ao dos Andes.

Em uma pesquisa que será publicada em breve na revista Earth and Planetary Science Letters, Hoke descreve essas descobertas sobre como os rios entalharam profundos desfiladeiros nos flancos dos Andes enquanto a extensão da montanha aumentava.
Datando as incisões e mapeando a profundidade e extensão dos desfiladeiros, Hoke demonstra que a elevação superficial ocorrida na bacia sedimentar em que Carmala fez seus estudos provavelmente ocorreu em toda a largura da cordilheira dos Andes.

Carmala e sua equipe verificaram que, associadas às suas descobertas, uma ampla gama de indicadores geológicos – incluindo a história das dobras, falhas, erosão, erupções vulcânicas e acúmulos de sedimentos – sugere a provável ação de um processo de “delaminação”, que vem sendo intensamente debatido pela comunidade científica.
Embora a “delaminação” tenha sido proposta há décadas, Carmala afirma que o processo gera controvérsias, uma vez que os modelos mecânicos de construção de montanhas não conseguem reproduzi-lo e, até então, havia uma falta de dados sobre a elevação de cadeias montanhosas.

Quando as placas oceânicas e continentais se encontram, os geólogos estimam que a crosta continental envergue. Na superfície, o envergamento se manifesta como uma cadeia de montanhas que se ergue, mas abaixo da crosta o envergamento gera uma “raiz” pesada e de alta densidade que puxa a crosta para baixo como uma âncora.

A teoria tectônica convencional defende que a convecção do manto fluido do fundo da Terra causa vagarosamente uma erosão dessa pesada raiz, como um manancial desgastando uma rocha, permitindo que as montanhas gradualmente cresçam, ao passo que a crosta se torna mais curta e grossa.

No entanto, de acordo com Carmala, a teoria da delaminação sugere que, em vez de erodir lentamente, a raiz se aquece e escoa para baixo, até que abruptamente se rompe e afunda no fluido quente do manto. As montanhas acima, repentinamente livres do peso da raiz, disparam e, no caso dos Andes, se elevaram de uma altura de menos de dois quilômetros para cerca de quatro quilômetros em menos de quatro milhões de anos.

Algumas das principais implicações da elevação rápida de cadeias de montanhas são seus efeitos no clima e na evolução da região, segundo Carmala. A pesquisadora estuda agora, com um grupo de palentologistas, como a elevação rápida dos Andes afetou o clima e a diversidade da fauna no continente no fim do Mioceno, período em que a cordilheira se formou.

O artigo Rise of the Andes, de Carmala Garzione e outros, pode ser lido por assinantes da Science em http://www.sciencemag.org


Rise of the Andes, de Carmala Garzione e outros, pode ser lido por assinantes da Science

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NOTA DO BLOGGER: Eu não entendo o por que da FAPESP não anunciar no seu boletim online que, se você for professor, pesquisador, ou estudante de graduação e pós-graduação em universidades públicas e privadas, você pode ler gratuitamente a Science e outras publicações científicos no portal da CAPES-Periódicos.