Quando é que a Nomenklatura científica vai ter um discurso científico honesto?

terça-feira, dezembro 23, 2008

A ciência é um construto humano que procura traduzir a realidade dos fenômenos naturais através de idéias, hipóteses, teorias e leis. Por ser uma aproximação da verdade, aqui e ali as teorias são colocadas em cheque diante dos avanços e das descobertas científicas. Este é o lado bom da ciência.

O lado ruim, é que a ciência é feita de forma subjetiva por muitos cientistas. Eles não são objetivos. Traduzindo em graúdos, cientistas não são honestos. Especialmente na defesa de um paradigma nos seus estertores epistêmicos no contexto de justificação teórica. Kuhn não foi tão incisivo assim, mas ele afirmou que quando um paradigma entra em crise, a tendência dos que fazem ciência normal é jogar para debaixo do tapete as anomalias, e seguir em frente fazendo ciência como se nada tivesse acontecido.

Há cientistas honestos, como Stephen Jay Gould que em 1980 declarou o neodarwinismo uma teoria científica morta, mas os atuais detentores do poder da Nomenklatura científica são de uma desonestidade acadêmica incomensurável. Eu não tenho nada a perder academicamente, por isso sou mais incisivo nas acusações. Não tenho medo desses Torquemadas chiques e perfumados a la Dawkins. Há uma década eu denuncio essa desonestidade acadêmica sobre uma iminente e eminente ruptura paradigmática em biologia evolutiva.

O texto a seguir reflete esta estratégia “Novilíngua” adotada pela Nomenklatura científica quando chamada às chinchas para justificar a robustez epistêmica da teoria geral da evolução através da seleção natural de Darwin. O modus operandi junto com a Grande Mídia internacional e tupiniquim é: “O que Darwin tem de bom, a gente mostra; o que Darwin tem de ruim, a gente esconde”. "Não damos espaço" (Marcelo Leite, Folha de São Paulo). É que Darwin é tutti cosa nostra, capice?

Fonte da imagem.

O autor, David Tyler, não comunga do meu texto acima, e este blogger é unicamente responsável pelo seu conteúdo.

Já chega de tanta enrolação. Nós podemos ouvir um discurso científico honesto da Nomenklatura científica???

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Por favor, nós podemos ter um discurso científico?
22/12/2008

Por David Tyler

É bem sabido que a pedra angular em um arco de pedra é crucial para a estabilidade do arco. Na verdade, sem uma boa pedra angular, o arco irá cair. Por muitos anos, Theodosius Dobzhansky tem sido citado afirmando que a teoria da evolução fornece a infra-estrutura que integra o todo da biologia. Foi isso que ele disse: “Nada em biologia faz sentido, a não ser à luz da evolução.” Algumas vezes, a referência à “evolução” se relaciona especificamente ao darwinismo/neodarwinismo, e algumas vezes a referência é ao conceito de evolução em vez de qualquer mecanismo em particular. O iminente bicentenário do nascimento de Charles Darwin e os 150 anos de sua magnum opus estão destacando as palavras de Dobzhansky e aplicando-as à teoria da evolução através da seleção natural de Darwin. Esta é a inferência a ser tirada de um recente editorial na revista Scientific American e a ilustração acompanhante.



Dizem que o darwinismo é uma teoria que todos devem aprender (Fonte da imagem aqui, Credit Matt Collins)

Uma aplicação principal desta mensagem se relaciona com a educação. Os alunos precisam saber a respeito da teoria de Darwin – na verdade, todos devem conhecê-la!

Os editores concluíram:

“Uma maneira para celebrar o aniversário de Darwin é contemplar como que os estudos evolucionários podem atingir uma adoção muito maior na educação dos ensinos médio e superior. A seleção natural e a idéia complementar de como os genes, os indivíduos e as espécies mudam ao longo do tempo deve ser tanto parte do desenvolvimento de capacidades de pensamento crítico bem como de raciocínio dedutivo e o estudo de ética.”

Isto pode surpreender os editores da Scientific American, mas ninguém está argumentando que a seleção natural e “como os genes, os indivíduos e as espécies mudam ao longo do tempo” não deva ser ensinado. As diferenças são sobre como estes tópicos são apresentados aos alunos e o que se espera que os alunos aprendam. Teria sido um contribuição bem-vinda para esta discussão particular se Glenn Branch e Eugenie Scott tivessem abordado no seu artigo na revista Scientific American.
Todavia, em vez de lidarem com as questões, eles devotaram mais de rês mil palavras para uma polêmica contra as supostas atividades subversivas dos criacionistas. Eles deploram o fato de que o Louisiana Science Education Act se tornou lei.

“À primeira vista, a lei parece inócua: ele instrui a secretaria estadual de educação a “permitir e ajudar os professores, os diretores, e outros administradores escolares a criar e fomentar um ambiente dentro das escolas públicas elementares [N. do blogger A: nosso ensino fundamental] e secundárias [N. do blogger B: nosso ensino médio] que promova as capacidades de pensamento crítico, análise lógica, e a discussão livre e objetiva das teorias científicas sendo estudadas”, que inclui fornecer “apoio e orientação para os professores com respeito a maneiras eficientes para ajudar os alunos compreenderem, analisarem, criticarem e revisarem objetivamente as teorias científicas sendo estudadas.” O que não devemos gostar? Não são o pensamento crítico, a análise lógica, e a livre e objetiva discussão exatamente o que a educação em ciência objetiva promover?

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NOTA IMPERTINENTE DESTE BLOGGER 1:

Alô Sr. Ministro da Educação, o MEC/SEMTEC/PNLEM está engabelando nossos alunos com o ensino do neodarwinismo, uma teoria científica morta há quase três décadas. Está mais do que na hora de se considerar um tipo de ensino da teoria da evolução através da seleção natural nos moldes da Louisiana. O que temos não é educação, mas doutrinação.

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“Como sempre na história contenciosa da educação em evolução nos Estados unidos, o Diabo está nos detalhes. A lei mira explicitamente a evolução, o que não é surpreendente — pois movendo-se furtivamente lá no fundo da lei está o criacionismo, a rejeição de explicação científica da história da vida em favor de um relato sobrenatural envolvendo um criador pessoal.”

Na verdade, eles estão dizendo que a letra da lei parece boa, mas a letra da lei serve de fachada para o criacionismo, mentiras e enganos. Eles não acreditam que todos os professores serão fiéis à letra da lei. Eles esperam que alguns professores promovam dúvidas injustificadas sobre a evolução:

“Permitir que os professores instilem dúvidas científicas injustificadas sobre a evolução é nitidamente além do limite. Apesar disso, isto é que o Louisiana Science Education Act foi evidentemente criado, ou planejado para fazer.”

Esta mensagem é uma que nós já ouvimos antes muitas vezes, e não há nenhuma evidência de que tenha qualquer validade. Existem preocupações legítimas sobre a maneira como o darwinismo deva ser explorado na sala de aula. Muitos de nós pensamos que a seleção natural está sendo solicitada a fazer demasiadamente — muito além da evidência empírica que demonstre o que ela pode fazer. Muitos de nós pensamos que as variações naturais observadas não devem ser usadas para se argumentar a transformação da vida a partir de uma célula até a diversidade das coisas vivas que nós vemos hoje. As objeções ao darwinismo são científicas, e elas precisam ser abordadas regularmente na educação dos alunos.

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NOTA IMPERTINENTE DESTE BLOGGER 2:

Alô Sr. Ministro da Educação: o MEC/SEMTEC/PNLEM adotou o sistema de educação em evolução “tapeando” nossos alunos há quase três décadas não informando que o neodarwinismo é uma teoria morta, e que a seleção natural não tem toda a capacidade evolutiva que lhe é atribuída em nossos melhores autores de livros-texto de Biologia do ensino médio. O nome disso é desonestidade acadêmica.

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Estas idéias t~em sido exploradas diversas vezes neste blog. Eis alguns exemplos nos últimos meses: Evolution, Museums and Society, Cichlid fish - another textbook example of evolution in action?,Hairless Dogs as an example of deleterious mutations, A call for an end to Pseudo-Darwinian hype, Adaptations affecting dim-light vision in vertebrates,The formidable problem of assembling the bacterial flagellum.

De interesse particular é o modo polêmico que os argumentos são apresentados. Não existe nenhuma interação com as questões científicas, mas somente uma tentativa desesperada de provar a infiltração do criacionismo no tecido da ciência e da educação. Sem dúvida que muitas pessoas conhecem o livro Of Pandas and People — mas as “análises” publicadas do livro pelos evolucionistas alguma vez lidaram seriamente com a ciência? O mesmo pode ser dito de muitos outros recursos produzidos por cientistas do Design Inteligente — em vez de um discurso científico, nós somos entupidos com uma polêmica insossa.

2009 será um pouco diferente? Os cientistas do Design Inteligente serão permitidos levantarem questões científicas sobre a validade do darwinismo? Será que pessoas sugerindo haver questões sérias a serem consideradas irá ser caçados como traidores da ciência? E os nossos jovens? Eles serão permitidos questionar se as evidências apresentadas na sala de aula são adequadas para apoiar a teoria da evolução no livro-texto? Todos nós queremos promover uma disposição saudável de mente científica, mas uma recusa de se abordar as questões criticamente não vai fazer bem no futuro.

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The Latest Face of Creationism in the Classroom

Glenn Branch and Eugenie C. Scott
Scientific American, December 16, 2008

First para: Professors routinely give advice to students but usually while their charges are still in school. Arthur Landy, a distinguished professor of molecular and cell biology and biochemistry at Brown University, recently decided, however, that he had to remind a former premed student of his that "without evolution, modern biology, including medicine and biotechnology, wouldn't make sense."

Why Everyone Should Learn the Theory of Evolution

The Editors

Scientific American, December, 2008

First para: Charles Darwin did not think of himself as a genius. "I have no great quickness of apprehension or wit which is so remarkable in some clever men ..." he remarked in one passage of his autobiography. Fortunately for the rest of us, he was profoundly wrong in his assessment. So on February 12 the world will mark the bicentennial birthday of a scientist who holds a rightful place alongside Galileo, Copernicus, Newton and Einstein.