A Folha de São Paulo finalmente explica Darwin

segunda-feira, março 30, 2009

Darwin
Marcelo Leite
1ª. edição 2009

Descrição

Um século e meio depois da publicação de Origem das Espécies e dois séculos após o nascimento de seu autor, Charles Darwin (1809-82), ainda são ensinadas ideias sobre o fenômeno da vida que esse livro célebre tanto fez para erradicar, em favor de uma explicação mais racional e objetiva do mundo. Terão sido inteiramente perdidos os 150 anos de teoria da evolução por seleção natural, a grande contribuição de Darwin para as ciências da vida e para o pensamento contemporâneo?


Marcelo Leite, colunista da Folha de S.Paulo, mostra como a teoria darwiniana veio a tornar-se a melhor e mais resistente explicação para o fenômeno da vida tal como a conhecemos hoje.

Detalhes

Título: Darwin
Autor: Marcelo Leite
Editora: Publifolha
Edição: 1a. edição, 2009
Idioma: Português
Número de páginas: 96 páginas
Formato: 11 cm x 18 cm (largura x altura)
Especificação: Offset 90g/m², 1x1 cor, Brochura
Peso: 9,8 gramas
ISBN-13: 978-85-7914-021-1
Área: Referência
Série: Folha Explica - Biologia
Para comprar pelo telefone ligue para 0800 140090

Fonte.

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JC e-mail 3731, de 30 de Março de 2009

21. Livro expõe Charles Darwin em alto-relevo, resenha de Nelio Bizzo

Obra que retrata o legado do naturalista inglês, pai da teoria da evolução, é fruto sintético de uma pesquisa em boas fontes de informação

Nelio Bizzo é professor titular da USP, fellow do Institute of Biology (Londres) e pesquisador da obra de Charles Darwin com diversos livros e artigos sobre o tema. Resenha publicada na “Folha de SP”:

Neste ano em que comemoram 150 anos da publicação de "A Origem das Espécies" há grande demanda por informações que façam frente a desencontros e versões exóticas sobre a vida e a obra de Charles Darwin (1809-1882).

Para quem quer informação objetiva, fruto sintético de uma pesquisa em boas fontes de informação, sem dúvida "Darwin", de Marcelo Leite (Coleção Folha Explica, Publifolha), é uma das boas notícias deste ano.

Organizado originalmente em três partes, tomando por referência a famosa viagem do navio de pesquisas inglês HMS Beagle, Marcelo Leite nos fala dos antecedentes da viagem, logo após iniciar o livro lamentando os progressos dos criacionistas em nosso meio educacional. Sua introdução tem o sugestivo título "150 anos perdidos?", o que seria trágico se fosse de fato realidade.

Mesmo sem se aprofundar no assunto, ele nos mostra que cientistas religiosos, como Theodosius Dobshansky (1900-1975), de origem russa, naturalizado americano e cristão ortodoxo, conseguiram compatibilizar suas crenças religiosas com o conhecimento científico, incluindo a teoria da evolução e o respeito aos cânones de sua religião.

Afinal, nem todo evolucionista é ateu, como Richard Dawkins, e nem todo religioso é fundamentalista, como aqueles que acreditam que as palavras da Bíblia devem ser lidas literalmente.

Marcelo Leite prepara o leitor para seguir adiante no livro dizendo que ele não irá encontrar uma refutação cabal do criacionismo, mas que o fio condutor da obra será justamente a vida de Darwin e a robustez do pensamento darwiniano.

De fato, essa polêmica inicial se esvai ao longo do livro, que traz uma leitura muito agradável, sem a agrura de termos técnicos e com a elegância da boa escrita.

As explicações latitudinárias cedem espaço a leituras meridianas de autores consagrados, como Janet Browne, uma das referências da área de estudos darwinianos acadêmicos.

Esse fio condutor, no entanto, irá explicar a inserção tangencial de Alfred Russel Wallace em dois momentos do livro, reconhecido como formulador da teoria da evolução por seleção natural simultaneamente a Darwin.

Assim, se entende a razão de a imagem de Darwin ter destacado relevo, a começar pelo próprio título do livro. Caberia lembrar o título que Wallace escolheu para a obra na qual sintetizou sua compreensão sobre a teoria da evolução, "Darwinismo", publicado pouco depois da morte de Darwin.

Wallace não cunhou o termo, mas certamente ajudou a firmar uma expressão que dizia muito sobre a contribuição do amigo e de seu próprio reconhecimento a ela.

Os antecedentes da viagem do Beagle são narrados tendo a perspectiva pessoal como referência básica, montando um quadro psicológico de um observador atento, que faria entender o cientista minucioso e o relato "quase antropológico" dos lugares visitados. No entanto, Marcelo Leite não cai na tentação de apresentar Darwin como um sociólogo pioneiro dos trópicos, o que, de fato, ele não foi.

O método de Marcelo Leite poderia ser chamado de cauteloso, pois ele utiliza como lanterna teórica as palavras do próprio Darwin, em especial sua autobiografia, a iluminar seus escritos mais famosos, como a narrativa da viagem do Beagle e "A Origem das Espécies".

Isso pode conferir certo tom oficial ao relato, mas traz a compensação de uma leitura sóbria e sem sobressaltos, como convém a uma obra informativa básica. Seu capítulo final é verdadeiramente emocionante, pois se revela bastante original e nos brinda com a confluência de suas leituras sociais e biológicas.

Marcelo Leite reconhece que, em um livro breve como esse, ele não pode se alongar na discussão sobre as consequências da visão darwinista para as ciências sociais e econômicas. Pena! Seus leitores certamente esperarão que seu próximo livro não demore.

(Folha de SP, 30/3)