Os impactos do darwinismo na sociedade do século XIX

quinta-feira, maio 21, 2009

Os impactos do darwinismo na sociedade do século XIX

Como os estudos de Darwin extrapolaram os muros da Ciência e entraram em conflito com a crença religiosa

O livro "Sobre a origem das espécies através da seleção natural ou a preservação de raças favorecidas na luta pela vida" - mais conhecido como "A Origem das Espécies" -, de Charles Darwin, foi lançado em 24 de novembro de 1859 e esgotou rapidamente, criando muitas controvérsias conceituais e ideológicas que ultrapassaram o universo acadêmico ao se chocarem com a crença religiosa do criacionismo, tal como é apresentado na Bíblia, no livro do Gênesis.

Com o lançamento do livro, o naturalista britânico foi acusado pela Igreja de ateísmo, uma vez que as implicações de sua teoria mostravam que o homem era simplesmente um animal, em vez de uma criatura criada à imagem e semelhança de Deus.

Em "A Origem das Espécies", Darwin apresentou questões relacionadas à gênese e ao desenvolvimento da vida. Nele, rejeitou o princípio de fixidez das espécies, aderindo à noção de variação gradual dos seres vivos graças ao acúmulo de modificações pequenas, sucessivas e favoráveis, e não por modificações extraordinárias, surgidas repentinamente.

Darwin foi extremamente criticado quando publicou seus estudos, e não foi à toa que, tendo imaginado boa parte de sua teoria ainda na juventude, quando viajou no navio HMS Beagle por todo o mundo coletando espécimes, ele foi publicá-la apenas quando já comemorava seus 50 anos.

Com o lançamento do livro, o naturalista britânico foi acusado pela Igreja de ateísmo, uma vez que as implicações de sua teoria mostravam que o homem era simplesmente um animal, em vez de uma criatura criada à imagem e semelhança de Deus. Além disso, a teoria da evolução darwiniana não tornava necessário um deus sequer para explicar a origem das outras espécies animais e vegetais. "Antes da época de Darwin, a visão que se tinha das espécies - normalmente uma ideia oriunda dos trabalhos do naturalista francês Georges-Louis Leclerc, o Conde de Buffon, e que de certa forma remontava a Aristóteles e à Grécia antiga - era de que todas as espécies existentes no mundo consistiam em degenerações de espécies ideais (platônicas) existentes apenas na mente de Deus", diz o geneticista Francisco Prosdocimi, do Laboratoire de Biologie et Genomique Structurales, de Strasbourg na França.

Assim, de uma só vez, Darwin tirava dos homens seu status superior e dizia que Deus não havia sido necessário para criar nenhuma outra espécie. "Foi um choque e tanto para a Igreja da época e até hoje as discussões infelizmente perduram entre criacionistas e evolucionistas", afirma o geneticista.

A suposta competição entre cientistas

"A Origem das Espécies" foi terminada às pressas depois que Darwin recebeu um trabalho do jovem naturalista Alfred Russel Wallace que delineava ideias similares às suas sobre o mecanismo de evolução das espécies e de seleção natural.

Então Darwin passou à frente de outro cientista? Por que Wallace não ficou tão famoso quanto Darwin?
"Não é verdade que Wallace não tenha ficado famoso. Todos que trabalham com evolução o conhecem muito bem e ele chegou a ser reconhecido, em vida, como um grande evolucionista", afirma Prosdocimi.

Ainda de acordo com Prosdocimi, aparentemente não houve nenhum tipo de disputa clara entre eles. "Acontece que Darwin já era um pesquisador mais velho, com uma carreira mais bem delineada, e já tinha um ótimo esboço de sua teoria, que viria a ser publicado no ano seguinte ao encontro com Wallace, cujos estudos serviram até como um incentivo a mais para Darwin. Tanto Wallace quanto Darwin publicaram vários trabalhos sobre a teoria da evolução na segunda metade do século XIX e tiveram sua fama", esclarece.

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