Brasileiros ganham Prêmio Somiya

sexta-feira, outubro 23, 2009

Brasileiros ganham Prêmio Somiya
23/10/2009

Agência FAPESP – A União Internacional de Sociedades de Pesquisa de Materiais (IUMRS) concedeu o Prêmio Somiya 2009 para o trabalho Carbon nanostructure materials , desenvolvido por sete pesquisadores de quatro países.

O Prêmio Somiya foi criado pela IUMRS em 2000 para prestigiar trabalhos colaborativos de equipes pertencentes a mais de um continente e que contribuam de forma importante para o avanço do conhecimento em pesquisas de materiais. O nome do prêmio é uma homenagem a Shigeyuki Somiya, professor emérito do Instituto de Tecnologia de Tóquio.


União Internacional de Sociedades de Pesquisa de Materiais distingue trabalho sobre nanoestruturas feita em colaboração por sete pesquisadores, três dos quais do Brasil (reprodução)

Pela primeira vez pesquisadores brasileiros são distinguidos pela premiação: Marcos Assunção Pimenta, professor titular do Departamento de Física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ado Jorio, professor adjunto do mesmo departamento, e Antonio Gomes Souza Filho, professor adjunto da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Os demais integrantes do grupo premiado são Mildred Dresselhaus, professora do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, Mauricio Terrones, professor do Instituto Potosino de Investigação Científica e Tecnológica e coordenador do Laboratório Nacional da Pesquisa em Nanotecnologia e Nanociência, no México, Riichiro Saito, professor associado ao Departamento de Física da Universidade de Tohoku, no Japão, e Morinobu Endo, diretor do Instituto de Ciência de Carbono e Tecnologia da Universidade de Shinshu, também no Japão.

A equipe vencedora colaborou com o avanço das propriedades físico-químicas das novas nanoestruturas de carbono, principalmente nanotubos de carbono e grafeno. A solenidade de premiação ocorreu durante a International Conference on Advanced Materials 2009, realizada em setembro no Rio de Janeiro.

Pimenta conta que como são condutores ou semicondutores de eletricidade, a primeira aplicação dos nanotubos, nos anos 1990, foi na produção de componentes eletrônicos, atualmente fabricados com silício.

“Há uma estimativa de que o silício utilizado na fabricação desses componentes possa saturar em alguns anos. A pesquisa com nanotubos abre outras possibilidades, substituindo e tornando os componentes eletrônicos cada vez menores, com mais capacidade de processamento. Essa é uma das aplicabilidades”, disse.

O trabalho premiado buscou um entendimento das propriedades dos elétrons nesse material. “Usamos uma técnica chamada de espalhamento de luz com o objetivo de estudar a interação da luz com os novos materiais”, explicou.

Outra aplicabilidade está no armazenamento de energia a partir dos nanotubos. “O maior peso de um celular, por exemplo, está na bateria que precisa sempre ser carregada. Imagine poder ter um celular com bateria muito pequena, leve e que só precise recarregar com um ano de uso? Os nanotubos poderão ser usados em pilhas para aumentar a capacidade de carga no armazenamento de energia”, apontou.

Pimenta salienta que a colaboração internacional envolvendo três continentes foi um dos critérios de seleção, mas não o único. O pesquisador destaca que há alguns anos a colaboração de brasileiros em estudos internacionais se dava, de modo geral, como alternativa para usar “as facilidades tecnológicas dos países desenvolvidos”.

“Mas, atualmente, o cenário mudou. No nosso caso, foi uma colaboração de mão dupla. Tanto mandamos estudantes como recebemos dos países envolvidos na pesquisa. Foi uma parceria com contribuições no mesmo nível”, disse.

“Ganhar o Prêmio Somiya demonstra que a pesquisa brasileira está inserida de forma efetiva no desenvolvimento científico mundial, com contribuições importantes na fronteira do conhecimento”, disse Souza Filho.

Mais informações sobre o prêmio.