A desonestidade acadêmica de Fernando Reinach sobre a evolução e o Design Inteligente

sexta-feira, julho 15, 2011

No seu artigo Meu agradecimento aos criacionistas, publicado no Estado de São Paulo (14/07/2011) Fernando Reinach, um biólogo evolucionista, demonstra sua absurda desatualização com a literatura especializada sobre o status da robustez epistêmica da atual teoria da evolução no contexto de justificação teórica. Fernando, rapaz, leia o meu blog e você se atualiza na literatura evolucionista.

Não vou entrar no mérito da retórica reinachiana triunfalista sobre os criacionistas porque eles são bem crescidos e podem se defender a si mesmos. Afinal de contas, eles estão no pedaço há uns 10.000 anos. Vou abordar tão-somente a parte que Fernando Reinach, em flagrante descompasso com a verdade dos fatos, afirmou sobre a teoria do Design Inteligente: 

1. Não fez a devida e correta distinção primária entre o criacionismo e o design inteligente. Ao colocar o DI no balaio dos criacionistas Reinach foi fiel à apologética darwiniana da Nomenklatura científica em demonizar seus mais científicos críticos e oponentes. Quem disse isso sobre demonizar a TDI foi ninguém nada menos do que Ronald Numbers, historiador da ciência na Universidade de Wisconsin, um evolucionista nada simpático à TDI. 

Reinach, se você tivesse feito o curso Introdução à Teoria do Design Inteligente 101, teria aprendido a distinção entre criacionismo e a TDI.

Características do Criacionismo: 

CC 1: Houve uma súbita criação do universo, da energia e da vida ex-nihilo. 

CC 2: As mutações e a seleção natural são insuficientes para realizar o desenvolvimento de todos os tipos de vida a partir de um único organismo. 

CC 3: Mudanças dos tipos de animais e plantas originalmente criados ocorrem somente dentro de limites fixados. 

CC 4: Há uma linhagem ancestral separada para humanos e primatas. 

CC 5: A geologia pode ser explicada pelo catastrofismo, principalmente pela ocorrência de um dilúvio mundial. 

CC 6: A Terra e os tipos de vida são relativamente recentes (na ordem de milhares ou dezenas de milhares de anos). 

Características da teoria do Design Inteligente: 

TDI 1: A complexidade especificada e a complexidade irredutível são indicadores ou marcas seguras de design. 

TDI 2: Os sistemas biológicos exibem complexidade especificada e empregam subsistemas de complexidade irredutível. 

TDI 3: Os mecanismos naturalistas ou causas não-dirigidas são insuficientes para explicar a origem da complexidade especificada ou da complexidade irredutível. 

TDI 4: Por isso, o design inteligente é a melhor explicação para a origem da complexidade especificada e da complexidade irredutível em sistemas biológicos. 

2. "...os adeptos do 'design inteligente' passaram a influenciar os conselhos de cada distrito escolar - não com o objetivo de abolir o ensino da evolução darwiniana, mas forçando os professores a ensinar que poderia haver outras explicações para o surgimento de animais e órgãos tão complexos. 

Reinach é intencionalmente desonesto, ou completamente ignorante, em não mencionar que a política adotada pelo Discovery Institute é a favor do aumento do ensino OBJETIVO da evolução e contra o ensino da TDI nas escolas públicas porque nossa teoria ainda não chegou a um nível de debate acadêmico civil e objetivo. E que o Discovery Institute sempre foi contra a ação desses adeptos, até no caso de Dover.

3."E, claro, uma dessas explicações seria o design inteligente, a ideia de que algo tão complexo como a vida só poderia ter sido criada por um ser superior. a ideia de que algo tão complexo como a vida só poderia ter sido criada por um ser superior."

Aqui ficou patente a total ignorância de Reinach sobre a literatura da teoria do Design Inteligente. Fica aqui o desafio público para Fernando Reinach, biólogo evolucionista, mostrar em quaisquer um dos livros ou artigos pelos teóricos da TDI, onde que está defendida "a ideia de que algo tão complexo como a vida só poderia ter sido criada por um ser superior." Falamos tão-somente de uma inteligência.

Fiquei pasmo diante da profunda ignorância (ou conveniente???) de Reinach sobre o status epistêmico da atual teoria da evolução - Síntese Evolutiva Moderna (ou Neodarwinismo) no contexto de justificação teórica. Desde 1980 que esta teoria científica foi considerada morta (Stephen Jay Gould, um evolucionista honesto). 

Ou que dizer do grupo de biólogos (John Beatty, Werner Callebaut, Jeremy Draghi, Chrisantha Fernando, Sergey Gavrilets, John C. Gerhart, Eva Jablonka, David Jablonski, Marc W. Kirschner, Marion J. Lamb, Alan C. Love, Gerd B. Müller, Stuart A. Newman, John Odling-Smee, Massimo Pigliucci, Michael Purugganan, Eörs Szathmáry, Günter P. Wagner, David Sloan Wilson, Gregory A. Wray) que ficou conhecido como os 16 de Altenberg, que se reuniu no Konrad Lorenz Institute em Altenberg, Áustria, em julho de 2008, para discutir as dificuldades encontradas pela Síntese Evolutiva Moderna, e traçar aspectos da nova teoria geral da evolução - a Síntese Evolutiva Ampliada que, pelas montanhas de evidências negativas não pode ser selecionista e, pasme, pode incorporar aspectos lamarckistas???

Foi publicado um livro sobre esta reunião: Evolution—the Extended Synthesis, editado por Massimo Pigliucci and Gerd B. Müller, mas Reinach finge desconhecer sua existência. E o que dizer então deste livro The Mechanisms of Evolution: A Critique of the Neo-Darwinian Modern Synthesis, de Steven Hawkins??? Por que a Companhia das Letras não publica livros críticos da teoria da evolução? Porque está de rabo preso com Darwin...

Reinach, como biólogo, sabe de tudo isso, mas desconhece por razões ideológicas e não científicas. Como educador, ele deveria defender o ensino OBJETIVO da evolução como é debatida entre os especialistas. Aliás, Reinach é silente sobre as duas fraudes e distorções das evidências científicas nos livros didáticos de Biologia do ensino médio aprovados pelo MEC/SEMTEC/PNLEM. Reinach sabe disso...

Não querer este ensino sobre as controvérsias e evidências a favor e contra Darwin, é defender a desonestidade acadêmica sobre o status epistêmico de uma teoria que não se corrobora no contexto de justificação teórica desde 1859.

Reinach, infelizmente eu não posso agradecer aos evolucionistas por isso, pois a integridade acadêmica anda muito em baixa entre os discípulos de Darwin.

Fui, nem sei por que, pensando, que a ciência e a mentira (o descompasso com a verdade) não podem andar de mãos dadas, e que a verdade prevalece na ciência, apesar da Nomenklatura científica e da sua KGB que se manifesta na Grande Mídia que não abre espaço para o contraditório. 

Reinach, a Nomenklatura científica e a Grande Mídia sofrem da síndrome ricuperiana: O que Darwin tem de bom, a gente mostra; o que Darwin tem de ruim, a gente esconde! 

Mas aqui neste blog a gente mata a cobra e mostra o pau!!!