Esvaziando as provas sintéticas do mundo RNA

quinta-feira, agosto 04, 2011

04/08/11 

por David Tyler 10:42:56 am

Em junho de 2005, o biofísico David Deamer e colegas visitaram uma pequena poça de água aquecida por atividade vulcânica na penísula de Kamchatka na Rússia. Os cientistas estavam convencidos de que a água era estéril e que as atividades vulcânicas tivessem apagado todos os sinais de vida. "Darwin propôs que a vida começou em 'uma pequena poça morna'... Nós estamos testando sua teoria em 'uma pequena poça'," Demer relatou em uma reunião da Royal Society em Londres em fevereiro de 2006. O grupo colocou uma "sopa primordial" de proteínas, DNA, membranas de células dentro da poça e esperaram para ver o que aconteceria. 

"Quando os cientistas verificaram a amostra de água após algumas horas, eles ficaram surpresos em descobrir que a maioria do material adicionado tinha desaparecido. Os testes revelaram que os ingredientes em falta estavam vinculados à argila que forrava a pequena poça. As moléculas "estão presas de modo que elas não podem interagir," disse Deamer. E como resultado, as poças vulcânicas quentes não podem ser provavelmente os pontos para a primeira montagem dos pequenos pedaços de vida, disse Deamer." (fonte aqui



David Deamer coloca uma "sopa pré-biótica”de componentes químicos em uma poça vulcânica em Kamchatka, Rússia, para testar uma hipótese sobre as origens da vida. (Foto de Tony Hoffman, fonte aqui)


Com esta anedota, Robert Shapiro começa sua resenha do mais recente livro de Deamer: First Life: Discovering the Connections between Stars, Cells, and How Life Began [Primeira vida: descobrindo as conexões entre as estrelas, células, e como começou a vida]. Na verdade, Deamer também menciona o incidente no livro e o descreve como um "teste da realidade". Isso o ensinou que os sistemas naturais são bem diferentes do laboratório e embora numerosos artigos têm sido publicados sobre a abiogênese no laboratório, os autores têm falhado em lidar com o princípio de que "nós não podemos traduzir os resultados dos laboratórios aos ambientes naturais". 

"Porque nós podemos obter as reações para funcionarem em condições controladas de um laboratório, ele adverte, isso não quer dizer que reações semelhantes ocorreram na Terra pré-biótica. Nós podemos nem ter notado algo que se torna aparente quando nós tentamos reproduzir as reações em um ambiente natural. Este insight provocador explica porque a area da origem da vida tem tido pouco progresso ao longo da metade do século passado, enquanto que a biologia molecular tem florescido."

A abordagem teórica contemporânea dominante da abiogênese é conhecida como mundo RNA. A ideia básica é que um filamento de RNA apareceu espontaneamente na era Arqueana da Terra primitiva. Esta molécula de RNA tinha a capacidade de replicar a si mesma. Shapiro disse: "A vantagem desta ideia é que apenas a formação de um polímero seria tudo necessário para que a vida iniciasse. A desvantagem é que tal evento seria incrivelmente improvável." Há problemas químicos só na obtenção do filamento de RNA, mas além disso há os problemas na obtenção da replicação. É por isso que alguns cientistas escolheram deixar o paradigma do mundo RNA, e tentar desenvolver uma abordagem bem diferente. 

"Nucleotídeos, por exemplo, não são encontrados na natureza além dos organismos ou em síntese de laboratório. Para se construir o RNA, altas concentrações de quatro nucleotídeos seletos seriam necessárias no mesmo local, com outros sendo excluídos. Se isso é o pré-requisito para a vida, então é um fenômeno incomum, raro no universo. Como uma alternativa, outros cientistas (eu inclusive) têm sugerido que a vida começou sem a presença de polímeros; que em vez disso, a hereditariedade e a catálise começaram com monômeros."



Assim, o livro de Deamer abre um novo caminho. Ele considera que a célula precisa vir primeiro, e por isso busca meios de construir um compartimento tipo célula. Ele não gosta da abordagem das fontes hidrotermais de profundidades oceânicas para fazer isso, porque ele considera a água marinha quente como sendo um risco e não uma vantagem. Dentro desta estrutura tipo célula, ele procura formar um polímero auto-replicante.

"A tese de Deamer diverge do conceito padrão do mundo do RNA. Ele focalize não na geração de um simples polímero tipo RNA, mas na formação de um compartimento simples tipo célula, ou vesícula. As células modernas estão encapsuladas por uma membrane gordurosa complexa, que impede o vazamento. Vesículas com propriedade similares têm sido formadas no laboratório a partir de certos ácidos graxosos. Deamer aceita que a formação espontânea de vesículas, no qual o RNA pudesse ser incorporado, foi um passo crucial na origem da vida. Infelizmente, sua teoria retém a geração improvável de polímeros auto-replicantes tais como o RNA."

O ultimo comentário de Shapiro revela que ele não está muito impressionado com a proposta alternativa de Deamer. Mas ele sabe também que uma resenha não é a melhor plataforma para promover a sua própria abordagem. Então, a conclusão se concentra em um pedido para mais realism sobre os deméritos do mundo RNA, e menos pensamento dedutivo sobre a natureza da geoquímica arqueana.

"Apesar disso, o insight de Deamer esvazia as provas sintéticas colocadas em diversos artigos apoiando o mundo RNA. Ele termina o livro First Life conclamando pela construção de uma nova série de simuladores bioquímicos que sejam mais parecidos com as condições da Terra primeva. Infelizmente, os elementos que ele sugere para inclusão são tiradas da biologia moderna, e não da antiga geoquímica. Nós devemos deixar que a natureza nos informe, em vez de impormos nossas ideias sobre ela."

Isso é um bom conselho para todos os estudantes da história da Terra. Pode haver um consenso sobre o mundo RNA, mas não é um consenso baseado na evidência. A abordagem é apoiada em provas sintéticas derivadas de experimentos de laboratório não realistas, mostrando todos os sinais de um dogmatismo que impõe suas ideias à natureza. Em nosso atual estado de entendimento das questões, é somente realista reconhecer o aspecto tentativo de todas as atuais teorias de abiogênese.



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Astrobiology: Life's beginnings

Robert Shapiro
Nature, 476, 30-31, (04 August 2011) | doi:10.1038/476030a

Abstract: Robert Shapiro on a reminder that laboratory experiments don't always translate to nature.

Book reviewed: First Life: Discovering the Connections between Stars, Cells, and How Life Began, David Deamer, University of California Press: 2011. 288 pp. ISBN: 9780520258327


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NOTA IMPERTINENTE DESTE BLOGGER:


Por que a evolução química ainda aparece nos livros didáticos de Biologia do ensino médio quando a Academia sabe que NADA SABE sobre a origem da vida? Quer dizer então que especulação agora é ciência? Nem errado não é!!! É projeção da mente...


Os evolucionistas dizem em debates que a origem da vida (evolução química) não é importante para o estabelecimento da evolução biológica. Ora, se não é importante, então por que aparece nos livros didáticos aprovados pelo MEC/SEMTEC,PNLEM??? Se a ciência NADA SABE sobre a origem da vida, o que temos naqueles livros não é ciência, mas IDEOLOGIA MATERIALISTA posando como se fosse CIÊNCIA.

Fui, nem sei por que, pensando que nesta área os cientistas estão correndo atrás de vento... E o vento levou a sopa pré-biótica... Nada em biologia faz sentido, a não ser à luz das evidência. Pena que não deu tempo para você aprender esta lição Dobzhansky...