Enxergando além de Darwin I: a metáfora da máquina - Parte 1

segunda-feira, abril 30, 2012

27 Abril 2012

James Barham

O colapso gradual do consenso darwinista, e o surgimento de um novo arcabouço teórico em biologia é uma das notícias mais significantes, mas menos noticiada de nosso tempo.* [NOTA DO TRADUTOR: Aqui no Brasil, segundo a Nomenklatura científica, a questão está fechada e Darwin não tem nem dor de cabeça...]

É um escândalo que os jornalistas científicos têm sido tão vagarosos em compreender essa história. Pois, não se engane a respeito, a história é imensa. Em ciência, os jornalistas não chegam nem perto em tamanho.

A história é esta:

A explicação oficial sobre a natureza das coisas vivas —e portanto, dos seres humanos— que todos nós fomos induzidos a acreditar nos últimos 60 ou 70 anos tem se mostrado completamente errada em alguns aspectos essenciais.
E sobre o que nós temos sido tão errados? É complicado, mas numa frase, é isto:

A metáfora da máquina foi um erro —os organismos não são máquinas, eles são agentes inteligentes.

E o que isso significa? É isso que é difícil de explicar brevemente, mas eis aqui um jeito de explicar:

Finalmente nós estamos começando a compreender, baseado em evidencial empírica irrefutável, bem como uma análise mais cuidadosa da própria teoria darwinista, que ação com propósito em coisas vivas é um fenômeno objetivamente real que é pressuposto, não explicado, pela teoria da seleção natural.

E o que eu quero dizer com propósito?

Propósito é a ideia de que algo acontece, não porque deve acontecer tout court, de acordo com lei física, mas antes porque deve acontecer condicionalmente, a fim de algo mais acontecer. Esta propriedade ubíqua se encontra no cerne dos sistemas vivos, e é o que faz deles tão enigmáticos, de um ponto de vista físico.

Tradicionalmente, a metáfora da máquina e a teoria da seleção natural têm servido para dissipar este sentimento de perplexidade. Todavia, agora está claro que tanto a metáfora e a teoria têm sido fundamentalmente enganadoras em aspectos fundamentais.

Reconhecidamente, comparar coisas vivas a máquinas —como a máquina a vapor (acima) —parecia ser uma boa ideia naquela época. Afinal de contas, as peças das máquinas claramente têm, um propósito, assim como têm as partes dos organismos. Não há nada nas leis da natureza que prescreva como as máquinas devem ser montadas tout court, e ainda assim elas precisam ser montadas de um certo modo no sentido condicional— se elas tiverem que funcionar adequadamente. Assim como os organismos.

A analogia parecia ser verdadeiramente muito forte. E a beleza dela era que nós não achamos as máquinas misteriosas. Assim, a lógica tradicional na teoria biológica era assim:
  • Máquinas não são misteriosas
  • Organismos são máquinas
  • Portanto, os organismos não são misteriosos
Exceto que as máquinas como as máquinas a vapor ou os automóveis seriam verdadeiramente misteriosos, se nós apenas os encontrássemos deitados por aí na natureza!

O que faz as máquinas a vapor e os automóveis parecer não misteriosos é que nós sabemos como e por que as peças foram montadas do jeito que foram montadas. Isto é, as peças foram montadas daquela maneira por seres humanos para atender a propósitos humanos.

Mas isto significa que as máquinas não fazem sentido só por si mesmas. Elas simplesmente não passam a existir por si mesmas. As peças de um automóvel nem sabe e nem se importa para que elas servem, nem elas têm a menor de todas a tendência inerente para se montar a si mesmas em um automóvel completo.

Isto significa que o conceito de propósito que nós associamos com as máquinas é totalmente externo às máquinas. Em outras palavras, as máquinas somente fazem sentido quando pensadas juntas com uma inteligência externa que as monta para seus próprios propósitos.

É por isso que a metáfora de máquina para os sistemas vivos leva naturalmente à ideia de que Deus os montou, pelo seguinte reaciocínio:
  • Máquinas têm de ser montadas por uma inteligência externa
  • Sistemas vivos são literalmente máquinas
  • Portanto, sistemas têm de ser montados por uma inteligência externa

Mas, se isso for correto, então quem poderia ser a inteligência externa no caso das máquinas vivas, se não Deus?

A propósito, não tem nada de novo nisso. Por exemplo, tudo isso foi destacado muito claramente por Robert Boyle —o grande químico pioneiro e o descobridor da Lei de Boyle— há mais de 300 anos.

Bem, supostamente Darwin conseguiu fazer quadrado este círculo.

A ideia era para se que as coisas vivas surgiram por acaso e que as mudanças aleatórias que acontecia nelas para aumentar suas chances de sobreviver e se reproduzir aumentariam em frequência numa população ao longo do tempo. Isso, em poucas palavras, é a seleção natural.

Este modo de pensar propunha resolver o problema de propósito ao negar que ele era real. Os sistemas vivos eram apenas conglomerações de peças acidentais que aconteceram por puro acaso para funcionarem juntas como um todo operacional. E todas as mudanças que os organismos sofreram durante o processo de evolução— do mesmo modo.

Em outras palavras, nada nos organismos acontece de modo que o organismo todo possa viver. Antes, as coisas simplesmente acontecem, e os organismos só passam a viver como resultado disso.

Uma teoria muito elegante, que —se fizesse sentido.

O problema é, ela nunca fez nenhum sentido. Para começar, ela significou que todo o propósito é uma ilusão, até mesmo em nós, o quee é absurdo. Nós sabemos que não é verdade a partir da evidencial direta de nossa própria experiência.

Dessa maneira, uma dificuldade importante com a teoria da seleção natural é que ela contradiz tudo que nós entendemos sobre como nós mesmos funcionamos.

Mas isso é somente o princípio do problema com o darwinismo. Uma deficiência ainda maior da teoria é que ela simplesmente considerou todas as partes mais difíceis do problema de propósito como um dado.



Como que esses sistemas incrivelmente complicados totalmente impregnados de propósito, que nós chamamos de “células,” vieram a existir em primeiro lugar? Ninguém tem a menor ideia.


Isso é uma grande dificuldade com a teoria —ela não tem nada a dizer sobre a origem da vida. Eis aqui outra dificuldade:


Como que sistemas vivos podem ser tão robustos (dinamicamente estáveis), quando eles consistem de milhares de interações químicas que devem ser todas exatamente coordenadas no tempo e no espaço? Do ponto de vista da Física, as células (para não falar de organismos mais complexos) não deveriam existir, e mesmo assim elas existem. Como isso é possível?


A única sugestão que o darwinismo tem a oferecer é o acaso: aqueles sistemas que passaram a ser estáveis são os que nós vemos hoje.  Mas ninguém imagina que este tipo de explicação fosse suficiente por um momento quando diz respeito a algo muito mais simples, como a estabilidade do átomo ou a estabilidade das estrelas. E, apesar disso, a biologia evolucionária, que lida com objetos de muitas ordens de magnitude mais complicados do que átomos ou estrelas, o invocar do acaso é aceito como uma explicação adequada.


Isso é outra desvantagem muito severa para o darwinismo —é totalmente inadequado e, na verdade, acientífico pelos padrões predominantes nas ciências duras como Física e Química.


Finalmente, agora nós sabemos que os sistemas vivos são agentes autônomos, capazes de comportamentos inteligentes altamente flexíveis. Por exemplo, até os organismos unicelulares mais simples, como as bactérias, são capazes de ajustar a si mesmos para circunstâncias alteradas de modo intencional. E eles podem fazer isso mesmo que as circunstâncias sejam diferentes de quaisquer circunstâncias encontradas por seus ancestrais durante sua história evolucionária.


Como os sistemas são fisicamente capazes deste tipo de comportamento inteligente, adaptativo? Novamente, tudo que o darwinista tem a dizer é isto: Agência inteligente seria uma grande coisa de ter do ponto de vista da seleção natural, portanto a seleção natural vai cuidar que isso passe a existir.
Resumindo, para o arcabouço explanatório darwinista fazer sentido, nós temos que suprimir todas as questões mais difíceis sobre as coisas vivas e simplesmente assumir a sua capacidade adaptativa, sua robustez, e a sua própria existência. Depois —e somente—  a seleção natural faz sentido.


Mas nesse caso, nós estamos apenas assumindo que os organismos são agentes inteligentes. Nós não estamos explicando como pode existir uma coisa assim tipo agentes inteligentes.


Por outro lado, se nós assumirmos que os organismos são máquinas tão estúpidas e inertes, então o darwinismo não faz nenhum sentido.


Esses problemas profundos e inerentes na teoria darwinista não pode mais ser colocados para debaixo do tapete. A razão é que uma nova geração de cientistas tem surgido, que não estão mais contentes com o status quo e que têm a coragem de assim dizer. Graças aos esforços comuns deles, uma nova ciência de agência inteligente agora está  sendo forjada.


Um dos cientistas contribuindo para esta revolução quieta no pensamento biológico é James A. Shapiro, da Universidade de Chicago. Eu irei examinar seu trabalho na próxima edição desta série.


TheBestSchoolsOrg
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* Esta postagem inaugural uma nova série explorando as tentativas contemporâneas de cientistas para melhor entender os sistemas vivos indo além do arcabouço teórico darwinista. Hoje, eu focalizei sobre o problema mais básico do darwinismo: a analogia entre os organismos e as máquinas, que reside no seu cerne fundamental, é  falaciosa e fundamentalmente enganosa.

PARA A NOSSA ALEGRIA E RAIVA DA NOMENKLATURA CIENTÍFICA:

James Barham é ateu e considera o design inteligente como uma ideia científica e a melhor inferência para explicar a complexidade e diversidade das formas biológicas. 


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NOTA CAUSTICANTE DESTE BLOGGER:

No programa Globo Ciência sobre a evolução e o criacionismo, de 28/04/2012, o Prof. Dr. Ildeu de Castro Moreira, um dos maiores divulgadores de ciência no Brasil, afirmou que a evolução é "uma questão fechada em ciência" e que não há dilema nenhum a ser discutido.

Cuma??? Ou é 1) muita desonestidade científica, porque o Prof. Ildeu como divulgador de ciência deveria saber mais, 2) ou é estar muito desatualizado na literatura especializada que revela a necessidade de uma revisão profunda no cerne fundamental da teoria da evolução, 3) ou é muita arrogância acadêmica tipo síndrome luciferiana - só nós temos a luz! 



Nem sei com qual opção ficar. Uma coisa eu sei, prof. Ildeu, a evolução não é um tema científico "fechado". Há controvérsias!!!


Nelio Bizzo, da Faculdade de Educação da USP, Mario de Pinna, do Museu de Zoologia da USP, Paulo Sano, do Departamento de Botânica da USP, Maria Isabel Landim, também do Museu de Zoologia, e Acácio Pagan, do Departamento de Biociências da Universidade Federal de Sergipe, o que vocês têm a dizer sobre os estertores heurísticos da Síntese evolutiva Moderna e a nova teoria geral da evolução - a SÍNTESE EVOLUTIVA AMPLIADA, que não será selecionista e deve incorporar aspectos teóricos lamarckistas? Por que ser lançada somente em 2020? 


Essas coisas nossos alunos de Biologia precisam saber disso, mas lhes é negado em livros didáticos e em salas de aula. E a Grande Mídia tupiniquim não tem coragem de apresentar publicamente a falência heurística de Darwin no contexto de justificação teórica. De duas uma: seus jornalistas científicos não têm competência científica para cobrir a questão (duvido disso), ou vivem uma relação incestuosa com a Nomenklatura científica.

Quando a questão é Darwin, é tutti cosa nostra, capice???

A Nomenklatura científica tupiniquim "varre para debaixo do tapete" a falência epistêmica de Darwin e descarateriza a teoria do Design Inteligente


A imagem acima retrata muito bem as duas reportagens do jornal Estado de São Paulo, publicadas ontem (29/04/12) sobre a conciliação da ciência (leia-se teoria da evolução) e religião entre os jovens brasileiros e da preocupação da Nomenklatura científica tupiniquim com os avanços e promoção da teoria do Design Inteligente [TDI] entre e por cientistas membros da Academia Brasileira de Ciências. Tanto é que a TDI foi descaracterizada e demonizada como "anticientífica".
O interessante não é essa aceitação acrítica da teoria da evolução pelos jovens brasileiros. O nome disso é compatibilismo e interessa somente à Nomenklatura científica porque blinda Darwin de quaisquer críticas, mesmo as científicas, e depois demoniza os oponentes e críticos que assumem uma subjetividade religiosa. Foi o que fizeram com o Prof. Dr. Marcos Eberlin.


O mais interessante seria, mas falta cojones na Nomenklatura científica tupiniquim, é falar sobre o verdadeiro status epistemológico da teoria da evolução de Darwin através da seleção natural no contexto de justificação teórica (nem ousaram tocar, aliás eles sabem que não podem dizer publicamente que a teoria da evolução de Darwin faliu), e que vem aí uma nova teoria geral da evolução - a Síntese Evolutiva Ampliada [SEA], que não será selecionista e, para desespero dos evolucionistas ortodoxos fundamentalistas, deve incorporar aspectos lamarckistas.

Contudo, a Nomenklatura científica somente irá anunciá-la em 2020. Enquanto a SEA não vem, os darwinistas empurram goela abaixo dos alunos uma teoria que foi declarada morta em 1980 por Stephen Jay Gould, um evolucionista honesto!
Pretendo comentar as duas reportagens, mas adianto aqui os links para os leitores:
2. Biólogos querem reforçar o ensino da evolução
Não recebeu destaque no JC E-Mail 4487 de 30/04/2012. Por que, hein??? A iniciativa do Nélio Bizzo et al na USP não merece ser destacada???
Mais uma vez ficou patente a cobertura enviesada dos jornalistas científicos que, ou são completamente despreparados na área científica que cobrem, ou agem intencionalmente com uma agenda ideológica a ser defendida: Herton Escobar não fez uma pergunta sequer sobre o verdadeiro status da teoria da evolução de Darwin. Isso é negado aos alunos em salas de aula de ciência no Brasil.

Desonestidade acadêmica pelo silêncio sobre a falência heurística da teoria da evolução de Darwin na sua atual versão - a Síntese Evolutiva Moderna, e um jornalismo científico capenga que não ousou questionar Darwin.

Sem mais comentários!!! Por ora...

Francisco Salzano, Sergio Pena et al, a ciência avança com mudanças paradigmáticas

sexta-feira, abril 27, 2012

The Chronicle Review

April 22, 2012

Shift Happens

A 1973 multiple-exposure portrait of Thomas Kuhn
Bill Pierce, Time Life Pictures, Getty Images

By David Weinberger

If you've seen that bumper sticker, you've seen what our culture has made of one of the central ideas in Thomas Kuhn's The Structure of Scientific Revolutions, published 50 years and 1.4 million copies ago. For the marketers and boosters of personal transformation who casually talk about paradigm shifts, the phrase designates not just a gestalt switch that casts things in a new light, but a world so insubstantial that it can be thoroughly transformed by a single idea. Tomorrow there may be another paradigm shift, and another after that. There is thus no real progress, just a new bubble as good as the old bubble.

This is of course not what Kuhn intended us to learn. Kuhn wanted to free us from the illusion that knowledge is independent of history and of the sociality that marks us as humans, but he did not think that all beliefs that our history and sociality put before us are equally worthy. Indeed, he quickly moved away from the "shift happens" conception of paradigms as bundles of beliefs, emphasizing instead that they're examples of good scientific practice that researchers apply in their daily work.

But Kuhn is not blameless for how we appropriated his thought. SSR shook up our culture in part because he wrote it in such bold strokes. More important, he struggled to find a way—not always consistently—to shove SSR from a shoal we still have not found a way around: Our old paradigm of truth is no longer up to the task, but we don't yet have a new one to replace it.

Kuhn's idea was slow to gestate. It began in 1947, when, as a graduate student in physics at Harvard, he was recruited by James B. Conant, the university's president, to teach a history-of-science course to humanities majors. In preparation, Kuhn was trying to understand how Aristotle could be such a brilliant natural scientist except when it came to understanding motion. Aristotle's idea that stones fall and fire rises because they're trying to get to their natural places seems like a simpleton's animism.

Then it became clear to Kuhn all at once. Ever since Newton, we in the West have thought movement changes an object's position in neutral space but does not change the object itself. For Aristotle, a change in position was a change in a quality of the object, and qualitative change tended toward an asymmetric actualization of potential: an acorn becomes an oak, but an oak never becomes an acorn. Motion likewise expressed a tendency for things to actualize their essence by moving to their proper place. With that, "another initially strange part of Aristotelian doctrine begins to fall into place," Kuhn wrote in The Road Since Structure.

From this, Kuhn learned several important lessons that surfaced in SSR 15 years later. First, scientific ideas occur within a context that enables them to make sense. Second, context is accepted for different sorts of reasons than are the hypotheses that emerge within it. Third, the idea of a new scientific context occurs roughly the way his own illumination of Aristotle's ideas did: all at once, an entire whole snapping into view the way a duck-rabbit illustration switches instantly from one view to another.

During that 15-year gestation period, Kuhn got his doctorate in physics but increasingly turned to history and philosophy. In 1950 he met Sir Karl Popper, the pre-eminent philosopher of science, who steered him toward others who were challenging logical positivism, the dominant philosophy of science of the time. The positivists were strict parents. If a proposition could not be verified, it not only wasn't science, it was devoid of meaning. Popper had pulled much of the ground out from under the positivists by arguing that falsifiability was the real test: If a hypothesis doesn't come with ways to show it could be false, then it isn't a scientific hypothesis. Thus our best knowledge of the world isn't that which has been verified, but instead is characterized precisely by the fact that it can be decisively cast aside.

Kuhn undid Popper even more fundamentally than Popper had undone the positivists. The individual propositions within a science might be characterized by falsifiability, but how about the sort of gestalt that crystallized for Kuhn when at last and in an instant he understood Aristotle's idea of motion? That gestalt—which Kuhn of course called a paradigm—was of a different category than the propositions it enabled. Its acceptance may be rational in important ways, but Kuhn throughout his career could not bring himself to call paradigms "true."

Considering that paradigms are central to SSR, it's surprising how ambiguous that work leaves the concept. At a conference in 1965, the late British philosopher Margaret Masterman listed 21 senses in which Kuhn used the term in that book. She clustered them into three groups: (1) a set of beliefs, (2) a "universally recognized scientific achievement" that serves as a defining example of how that science is done, and (3) the textbooks, instruments, and other physical artifacts by which scientists learn and practice their fields. In a postscript published in 1969, Kuhn emphasized the second view of paradigms, as exemplars that guide practice—"See? That's how you do astronomy!"—rather than as big ideas that provide the context for smaller ideas. He also talked in the postscript about paradigms' applying to communities of scientists that might be only a hundred strong. That is not the grand picture that has stuck in the public mind.

Paradigms were not the only influential idea in SSR. Kuhn focused on what he termed "normal science," the daily work of career scientists. He said they are not in the business of plotting revolutionary overthrows of existing paradigms, but are instead solving puzzles. Which puzzles are interesting, how to address them, and what counts as solutions all are determined by the paradigm—or, depending on which sense of paradigm one uses, those are the paradigm. Astronomers train telescopes into the sky looking for particular radio signatures because they work under a paradigm in which that activity is important. They have learned to do this from textbooks that codify the paradigm, and they are trained by other scientists in their community. Kuhn spent much of the rest of his career trying to direct the focus of historians and philosophers of science on normal science rather than on revolutionary paradigms, perhaps because his concept of a paradigm was so powerful that it not only overshadowed the quotidian work of science but also threatened to take on an all too solid life of its own. No, Kuhn insisted, take away the practices, instruments, and textbooks of a scientific community, and there is no paradigm left over. Except those times when he left the opposite impression.

Kuhn's insightful focus on normal science may seem obvious to us now, but at the time it was controversial. The history of science had been viewed like the Great Man theory of history, or perhaps more accurately, like the history of literature: You write about the great ones because why would you waste your time on those who did nothing substantial to advance their field? As Karl Popper said, "In my view the 'normal' scientist, as Kuhn describes him, is a person one ought to be sorry for."

Kuhn did not see it that way. It's true that he did not talk about normal scientists as heroes ripping truth from the jaws of duplicitous Nature, but he saw scientific puzzle solving as a creative activity, not as the mere formulaic following of rules. Despite the scorn of heavyweights such as Popper and Kuhn's Berkeley colleague Paul Feyerabend, Kuhn's focus on normal science has found favor with many historians and sociologists, in part because it allows them to focus on the background. where institutional and social power is exerted implicitly, rather than on exalting the exceptional people in the foreground, which can give us a misleading idea of freedom and empowerment.

Scientific revolutions, according to SSR, don't occur when an apple happens to find the head of a genius, or when enough facts have slowly painted a new picture. Rather, in yet another of Kuhn's inversions, new paradigms emerge to explain the accumulation of anomalies: findings that do not make sense within the current paradigm. For example, if your paradigm tells you that fire consists of the release of phlogiston embedded in flammable materials, then the fact that some metals gain weight when burned is an anomaly. When a new paradigm is conceived that makes sense of the anomalies, science is in for a revolutionary shift.

In short, SSR did a gestalt flip on just about every assumption about the who, how, and what of scientific progress.

SSR immediately kicked up a stir. In a review that appeared in 1964 in Philosophical Review,Dudley Shapere recognized that it "is bound to exert a very wide influence among philosophers and historians of science alike," although he thought the concept of paradigms was overly broadly described, and he homed in on one of the issues that was to dog Kuhn: Is progress possible? Mary Hesse began her 1963 review in the journal Isis with "This is an important book," and continued by saying that it transforms "our whole image of science" and will be "shocking to the orthodox philosophy of science." Charles Gillispie's 1962 review in Science began, "This is a very bold venture, this essay ... " and concluded with generous praise for the work as an initial provocation, for Kuhn positioned SSR as a sketch to be followed by a weightier tome, which he never delivered.

In the five decades that have followed, the importance of SSR has rarely been disputed. We seem to have accepted that Kuhn's work wreaked severe damage on the foundations of traditional philosophy of science. But there has been nothing like similar unanimity about the positive ideas the book attempted to establish.

By far the most consistently attacked idea was what Kuhn referred to as incommensurability, a term taken from geometry, where it refers to the lack of a shared measurement. In SSR it means something like the inability to understand one paradigm from within another. In the book, Kuhn borders on putting incommensurability in its strongest imaginable form: A new paradigm causes scientists to "see the world of their researcher-engagement differently. In so far as their only recourse to that world is through what they see and do, we may want to say that after a revolution scientists are responding to a different world." Since that line does not advance his argument, Kuhn may just have been sticking his thumb further into the eye of the logical-empiricist book series that SSR was published as part of (at the behest of the best-known positivist, Rudolf Carnap, no less).

To overstate it: The scientists hated incommensurability because it seemed to imply that science makes no real progress, the philosophers hated it because it seemed to imply that there is no truth, and the positivists hated it because it seemed to imply that science is based on nonrational decisions.

And, apparently, Kuhn grew to hate being challenged about it, at least according to a story told by the documentarian Errol Morris, who as a graduate student at Princeton studied under Kuhn:

"I asked him, 'If paradigms are really incommensurable, how is history of science possible? ... Wouldn't the past be inaccessible to us? Wouldn't it be "incommensurable?"'

He started moaning. He put his head in his hands and was muttering, 'He's trying to kill me. He's trying to kill me.'

And then I added, ' ... except for someone who imagines himself to be God.'

It was at this point that Kuhn threw the ashtray at me."
...

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Alô Francisco Salzano, Sergio Pena et al: o Darwinismo já deu o que tinha de dar

quinta-feira, abril 26, 2012


Artigo com revisão por pares conclui: o Darwinismo já deu o que tinha de dar

Jonathan M., 6 de fevereiro de 2012 2:23 PM 

Um artigo interessante foi publicado recentemente por David Depew e Bruce Weber no periódico científico Biological Theory. O artigo tem o título "The Fate of Darwinism: Evolution After the Modern Synthesis." [O destino do Darwinismo: a evolução após a Síntese Moderna]

O abstract resume o conteúdo do artigo:

Nós traçamos a história da Síntese Evolucionária Moderna, e do Darwinismo genético, geralmente, com uma visão de demonstrar por que, mesmo em suas versões atuais, não pode mais servir como uma estrutura referencial geral para a teoria evolucionária. A razão principal é empírica. O Darwinismo genético não pode acomodar o papel de desenvolvimento (e dos genes no desenvolvimento) em muitos processos evolucionários. Nós podemos continuar discutindo duas questões conceituais: se a seleção natural pode ser o "fator criativo" em uma nova estrutura referencial, mais geral para se teorizar evolucionário; e se em tal estrutura referencial os organismos devem ser concebidos como sistemas auto-organizantes incorporados em sistemas ecológicos auto-organizadores.


Este artigo é interessante em pelo menos dois aspectos. O primeiro, é o uso curioso da palavra "Darwinismo" para descrever a Síntese Evolucionária Moderna. Frequentemente é afirmado pelos nossos críticos que "Darwinismo" é um termo pejorativo inventado pelos criacionistas e proponentes do Design Inteligente é uma forma de escárnio. O termo, contudo, é amplamente usado na literatura científica predominante – se bem que nem sempre em uma maneira consistente. Os autores definem "Darwinismo" assim:

Darwinismo refere-se à explicação causal da evolução de seu autor – seleção natural – e para as teorias nas quais este processo desempenha o papel dominante na evolução, inclusive a evolução humana.

O segundo ponto de interesse é a afirmação no artigo de que o "Darwinismo, na sua atual encarnação, já deu o que tinha de dar." Além disso, como os autores argumentam,

“...em grande parte isso é devido porque o lamarckismo, o saltacionismo, (súbito) mutacionismo, e a ortogênese internamente dirigida, só para nomear as tradições alternativas mais duradouras na biologia evolucionária, que não tiveram êxito de se tornar ciências empíricas matematizadas com pelo menos um ponto de apoio de neutralidade de valor que o Darwinismo ainda canta no poleiro evolucionário.”

Os autores são cuidadosos em distinguir entre o "Darwinismo genético" e o "Darwinismo como tal." Curiosamente, o ponto principal que eles criticam o livro What Darwin Got Wrong  [O que Darwin entendeu errado] de Jerry Fodor e Massimo Piattelli-Palmarini não se relaciona a uma alegada falha nos argumentos deles, mas antes, tem a ver com a falha deles em distinguir entre o "Darwinismo genético" e o "Darwinism como tal." Eles relembram e reafirmam aos seus leitores que,

“no passado, versões melhoradas do Darwinismo tomaram o lugar de versões inadequadas e aquela nova versão – um Darwinismo do futuro – pode bem desalojar o Darwinismo de população genética sem fim, mas em vez disso, enriquecer o Darwinismo como tal.”



O artigo continua fornecendo uma retrospectiva histórica dos desenvolvimentos do "Darwinismo genético," descrevendo-o como uma peça em cinco atos. Eles são:

Ato 1: A seleção natural contra a mutação.
 
"A validação da seleção natural adaptativa como um fenômeno natural real começando nos anos 1880s."


Ato 2: A mutação mais a seleção natural.

"Uma posição intermediária que pode ser justamente chamada de Darwinista se tornou popular nas primeiras três décadas do século 20. Ela atribuiu o papel criativo na evolução a mutações súbitas. Para a seleção natural, ela somente atribuiu o trabalho doméstico de filtrar as mutações inaptas."


Ato 3: A Síntese Moderna.

"A teoria da seleção natural na genética populacional... se tornou a base da Síntese Evolutiva Moderna dos anos 1940s-1960s."


Ato 4: Darwinismo Molecular.

"O efeito sobre o Darwinismo de genética populacional da genética molecular começando nos anos 1950s e 1960s."


Ato 5: O Fim do Darwinismo de Genética Populacional.

"Chega de Darwinismo como genética reducionista."


Notavelmente, os autores do artigo parecem partilhar da opinião sobre o genoma que os proponentes do Design Inteligente vêm defendendo há anos: "Provavelmente existe muito pouco 'DNA lixo.' Todo o genoma, inclusive suas frequentes repetições, desempenham um papel na regulação da expressão de gene." Para apoiar isso, eles citam um artigo de 2011 por Pink et al. ("Pseudogenes: Pseudo-functional or key regulators in health and disease?").

Ao contrário da asserção frequentemente repetida do lobby de Darwin de que não existe absolutamente nenhuma fraqueza na teoria darwinista, o artigo oferece a concessão de que a Síntese Moderna nunca forneceu um relato de "como as principais formas de vida evoluíram" – uma omissão que não é importante, para se dizer o mínimo.
Apesar de tudo isso, os autores estão confiantes que uma nova teoria geral e quadro conceitual de evolução estão prestes a aparecer, e que isso irá dar conta onde as atuais formulações evolucionárias falham. Mas isso é mera especulação.
O lobby de Darwin, sem dúvida, continuará a fazer sua afirmação rotineira de que nenhum cientista de credibilidade vê quaisquer problemas substanciais com a teoria evolucionária moderna. Todavia, tal posição está se tornando cada vez mais difícil de se sustentar.

Source/Fonte: ENV

O universo teve um início???


Did the universe have a beginning?

Audrey Mithani, Alexander Vilenkin

(Submitted on 20 Apr 2012)

Mere illustration/Mera ilustração

We discuss three candidate scenarios which seem to allow the possibility that the universe could have existed forever with no initial singularity: eternal infation, cyclic evolution, and the emergent universe. The first two of these scenarios are geodesically incomplete to the past, and thus cannot describe a universe without a beginning. The third, although it is stable with respect to classical perturbations, can collapse quantum mechanically, and therefore cannot have an eternal past.

Comments: 6 pages, 2 figures. To appear in the Proceedings of the 10th Incternational Conference on Gravitation, Astrophysics and Cosmology, Quy-Nhon, Vietnam, December 2011

Subjects: High Energy Physics - Theory (hep-th); General Relativity and Quantum Cosmology (gr-qc)

Cite as: arXiv:1204.4658v1 [hep-th]


Submission historyFrom: Audrey Mithani [view email
[v1] Fri, 20 Apr 2012 15:51:42 GMT (182kb,D)

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A ignorância é que verdadeiramente conduz a ciência

Ignorance: How It Drives Science [Hardcover]

Stuart Firestein

Book Description

Publication Date: April 23, 2012 | ISBN-10: 0199828075 | ISBN-13: 978-0199828074 | Edition: 1

Knowledge is a big subject, says Stuart Firestein, but ignorance is a bigger one. And it is ignorance --not knowledge-- that is the true engine of science. 

Most of us have a false impression of science as a surefire, deliberate, step-by-step method for finding things out and getting things done. In fact, says Firestein, more often than not, science is like looking for a black cat in a dark room, and there may not be a cat in the room. The process is more hit-or-miss than you might imagine, with much stumbling and groping after phantoms. But it is exactly this "not knowing," this puzzling over thorny questions or inexplicable data, that gets researchers into the lab early and keeps them there late, the thing that propels them, the very driving force of science. Firestein shows how scientists use ignorance to program their work, to identify what should be done, what the next steps are, and where they should concentrate their energies. And he includes a catalog of how scientists use ignorance, consciously or unconsciously --a remarkable range of approaches that includes looking for connections to other research, revisiting apparently settled questions, using small questions to get at big ones, and tackling a problem simply out of curiosity. The book concludes with four case histories --in cognitive psychology, theoretical physics, astronomy, and neuroscience-- that provide a feel for the nuts and bolts of ignorance, the day-to-day battle that goes on in scientific laboratories and in scientific minds with questions that range from the quotidian to the profound. 

Turning the conventional idea about science on its head, Ignorance opens a new window on the true nature of research. It is a must-read for anyone curious about science.

Editorial Reviews

About the Author

Stuart Firestein is Professor and Chair of the Department of Biological Sciences at Columbia University, where his highly popular course on ignorance invites working scientists to come talk to students each week about what they don't know. Dedicated to promoting science to a public audience, he serves as an advisor for the Alfred P. Sloan Foundation's program for the Public Understanding of Science and was awarded the 2011 Lenfest Distinguished Columbia Faculty Award for excellence in scholarship and teaching. Also, he was recently named an AAAS Fellow.

Product Details

Hardcover: 208 pages
Publisher: Oxford University Press, USA; 1 edition (April 23, 2012)
Language: English
ISBN-10: 0199828075
ISBN-13: 978-0199828074
Product Dimensions: 6.9 x 5.1 x 0.9 inches

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Prof. Dr. Marcos Eberlin rebate carta assinada por Francisco Salzano, Sergio Pena et al para o presidente da Academia Brasileira de Ciências

quarta-feira, abril 25, 2012

Francisco Salzano, Sergio Pena e demais signatários de uma carta de repúdio enviada à ABC não disseram, mas o alvo é o Dr. Marcos Eberlin, foto à esquerda, eminente cientista brasileiro, proponente e defensor do design inteligente e do criacionismo.
Eberlin é doutor em Química pela Universidade Estadual de Campinas e pós-doutor no Laboratório Aston de Espectrometria de Massas da Universidade de Purdue, USA. Membro da Academia Brasileira de Ciências e comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico. Recebeu o Prêmio Zeferino Vaz de Reconhecimento Acadêmico e o Prêmio Scopus-Capes de excelência em publicações e formação de pessoal.
Orientou quase uma centena de mestres, doutores e pós-doutores e seu grupo de pesquisa conta hoje com cerca de 45 pesquisadores. Já publicou cerca de 500 artigos científicos com mais de 6.500 citações em áreas diversas da Química e Bioquímica, e Ciências dos Alimentos, Farmacêutica e dos Materiais.
Membro do NBDI - Núcleo Brasileiro de Design Inteligente - Campinas, SP.

Eis a sua resposta publicada no blog do professor Chassot:

“A TDI [Teoria do Design Inteligente], o que será que será? Será mesmo a TDI uma teoria baseada em conceitos obscurantistas, medievais e fundamentalistas, defendida por gente também assim? Será que a TDI apresenta mesmo conceitos religiosos pseudocientíficos sem fundamentação na razão e no conhecimento pleno, e em dados brutos, e em metodologia científica? Será? Será que a TDI é mesmo assim? Um ‘balaio de gato’, um ‘samba de crioulo doido’, um ‘disfarce de um baile de máscaras’, um ‘delírio efêmero criacionista’ forjado na loucura desesperada que em nós se instalou frente à constatação inquestionável da soberania absoluta da evolução darwinista.

Será?

“Será que seria sensato apresentar alternativa a uma teoria provada por A + B, por X + Y, por uma ‘avalanche de evidências’ matemáticas, físicas, químicas e bioquímicas sólidas, e que se baseia nas mais recentes descobertas científicas? Ir contra a gravidade, seria sensato? Por tantos e em tantos lugares, e gente de tantas áreas do conhecimento?

“Será que a ‘maior ideia de todos os tempos’ tem sido mesmo corroborada no registro fóssil, na descoberta das máquinas e motores moleculares, na descoberta do DNA e das histonas e seus múltiplos códigos, na descoberta da
homoquiralidade dos seres vivos, no intrincado entrelaçar de processos ‘hard-disk like’ com estrutura ‘top-down’ e da informação zipada, encriptada e aperiódica e funcional, e imaterial que governa a vida? A informação como o terceiro e mais fundamental elemento da Vida, corrobora a teoria ou a refuta? Seria assim loucura refutá-la? E será que Darwin hoje a defenderia? Apoiaria o ‘cale-se’?

“Será que a Vida se explica mesmo pela sopa primordial, pelo mundo do RNA, pelo LUCA e a
‘árvore da vida’ e pela ação refinadora da seleção natural sobre as mutações? Será viável mesmo ao nível molecular?

“Será? Será que a TDI se sustentaria sob o ataque muitas vezes virulento da nova geração dos ‘bulldogs de Darwin’, que a escrutinam e difamam já por décadas? Será?

“Será que tantos acadêmicos honestos, competentes e muitos de amplo prestígio, prontos a seguir os dados aonde quer que eles levem, e prontos a aceitar a evolução, se sustentada fosse ela na razão, arriscariam eles suas carreiras e reputação em uma aventura irracional ‘inteligentista’ contra o maior, mais fundamental e mais aguerridamente defendido paradigma científico da atualidade, sem o qual todo um ramo do conhecimento, a ‘biologia, não faria sentido’? Dariam suas ‘vidas’ por uma causa perdida?

“E será que teria que ser diferente? Será que não foi assim com Pasteur e com Copérnico? Será que vivemos hoje uma nova inquisição, desta vez secular? Será que cientistas têm mesmo o direito de apresentar ‘todas as evidencias cientificas’ como invocado por John Scopes, ou será que agora querem revogar a lei?

“E por que será que a Ciência, que é a ‘cultura da dúvida’, e a Academia, que é a ‘catedral do debate’, e os seus acadêmicos lançariam mão de ‘manifestos’ e ‘desvios de classificação’ [
ou mesmo de denúncias ao MP] do que é ou não é Ciência, seguindo um filósofo da Ciência aqui e esquecendo um outro ali, para se blindar de ataques e desqualificar o oponente invocando ‘regras’,e esquecendo de debater suas teses? Será que ‘rotular para desclassificar’ é uma boa estratégia de debate científico? Será?

“Será? Que os que a criticam realmente conhecem a tese que criticam, leram seus livros, leram
A CaixaPreta de Darwin, de Michael Behe, ou Signature in the Cell, de Stephen Meyer, best-sellers, ou a rejeitam a priori simplesmente porque não gostam de suas implicações filosóficas e teológicas? Será que gosto é um bom critério científico, e será que cientistas teriam mesmo o direito de tê-lo?

“Ou será que somos pagos e assinamos o contrato para procurar a Verdade plena, e não aquela ‘verdade’ de que gostamos? Será que a ciência deveria partir de pressupostos e preconceitos e filtrar com eles suas conclusões? Uma Ciência pré-conceituosa? Ou será que antes de um direito, temos o dever, como cientistas, de deixar nossa subjetividade em casa e nos guiarmos exclusivamente pelas evidencias, doa a quem doer?

“Será? Será que tachar de ignorantes os que falam sem conhecimento ou qualificação científica, e depois de desonestos os que possuem esse conhecimento e qualificação, que dão voz a suas teses, demonstraria ser essa uma discussão meramente científica, ou será que nossas ideologias estão postas à mesa? Será que o que não gostamos é da TDI, ou de vermos alguém como nós a defendê-la?

“E será que a Vida, uma coleção de máquinas moleculares e de processos e ciclos intrincados e automatizados, regidos por moléculas e macromoléculas, muitas delas homoquirais, e por variadas e extensas redes de interações químicas intra, inter, super e supramoleculares, seria explicada somente por um ramo do saber científico, por comparação de seus códigos - eu e você parecidos com macacos, mas também com bananas? Ou teriam os químicos e bioquímicos um lugar à mesa?

“Será que uma teoria fraca e retrógrada assim como a TDI causaria tanto estrago, tanta indignação, tanto ‘afronto’? Tantos blogs a defendê-la, tantos livros, tantas palestras, tantos debates, tanta inquietação no Brasil e no mundo? E será que teorias científicas sólidas e cientistas de prestígio sabedores da solidez epistemológica de suas teorias se sentiriam tão ‘afrontados’ assim com uma teoria tão retrógrada assim, a ponto de ‘apelar’ para o cerceamento da palavra?

“E será que cientistas tem o direito de se sentir ‘afrontados’ quando suas teorias, ou melhor, as teorias que eles defendem, são confrontadas com argumentação científica e filosófica sobre a Ciência? Ou deveriam se sentir ainda mais motivados a defendê-la? Será que seria Freud que explicaria isso? Ou
Thomas Kuhn?

“Acredito que você, sobretudo um racionalista de carteirinha, como eu também o sou, tem condições de avaliar e se posicionar quanto a esses ‘serás’, filtrando os comentários apaixonados e as injúrias e difamações, de ambos os lados, fazendo assim seu julgamento. Filtrando os ‘manifestos apaixonados’, por entender seu viés filosófico e teológico, e se guiando no único pressuposto científico: seguir os dados, seja aonde quer que nos levem! Essa é a nossa obrigação; o resto é gosto!

“E viva o debate, e viva o confronto de ideias e teorias! É esse debate livre que fez, faz e fará avançar a Ciência com C maiúsculo que eu e você nos propomos a fazer, e a respeitar integralmente.

“E que vença a melhor teoria, a que estiver seguindo os dados, e do lado da razão!

“E, Pai, ‘afasta de mim esse CALE-SE, de vinho tinto de sangue’!”

(Texto do Dr. Marcos Eberlin publicado no
Blog do Mestre Chassot)

Comparando os genomas humano e de chimpanzé: procurando agulhas num palheiro

Comparing the human and chimpanzee genomes: Searching for needles in a haystack

Ajit Varki1 and Tasha K. Altheide

Author Affiliations
Glycobiology Research and Training Center, Departments of Medicine and Cellular & Molecular Medicine, University of California at San Diego, La Jolla, California 92093, USA

 
Mere illustration/Mera ilustração


Abstract

The chimpanzee genome sequence is a long-awaited milestone, providing opportunities to explore primate evolution and genetic contributions to human physiology and disease. Humans and chimpanzees shared a common ancestor ∼5-7 million years ago (Mya). The difference between the two genomes is actually not ∼1%, but ∼4%—comprising ∼35 million single nucleotide differences and ∼90 Mb of insertions and deletions. The challenge is to identify the many evolutionarily, physiologically, and biomedically important differences scattered throughout these genomes while integrating these data with emerging knowledge about the corresponding “phenomes” and the relevant environmental influences. It is logical to tackle the genetic aspects via both genome-wide analyses and candidate gene studies. Genome-wide surveys could eliminate the majority of genomic sequence differences from consideration, while simultaneously identifying potential targets of opportunity. Meanwhile, candidate gene approaches can be based on such genomic surveys, on genes that may contribute to known differences in phenotypes or disease incidence/severity, or on mutations in the human population that impact unique aspects of the human condition. These two approaches will intersect at many levels and should be considered complementary. We also cite some known genetic differences between humans and great apes, realizing that these likely represent only the tip of the iceberg.

Footnotes
2 The term “great apes” is used here in the now colloquial sense, as genomic information no longer supports this species grouping (Goodman 1999). Under the currently more common classification, these species are now grouped together with humans in the family Hominidae. 3 The term “phenome” has been used in multiple publications (e.g., Mahner and Kary 1997; Varki et al. 1998; Paigen and Eppig 2000; Nevo 2001; Walhout et al. 2002; Freimer and Sabatti 2003), but still lacks an accepted definition. Discussions with researchers who have used the term suggest the following definition: “The body of information describing an organism's phenotypes, under the influences of genetic and environmental factors.” 4 Olson, M.V., Eichler, E.E., Varki, A., Myers, R.M., Erwin, J.M., and McConkey, E.H.A. 2002. White paper advocating complete sequencing of the genome of the common chimpanzee, Pan troglodytes (white paper submitted to NHGRI, February 2002).

Reich, D.E., Lander, E.S., Waterston, R., Pääbo, S., Ruvolo, M., and Varki, A. 2002. Sequencing the chimpanzee genome (white paper submitted to NHGRI, February 2002).


1 Corresponding author.E-mail a1varki@ucsd.edu; fax (858) 534-5611.
Cold Spring Harbor Laboratory Press
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