Retirada de circulação de artigo proeminente sobre a origem da vida vindica Stephen Meyer e o Signature in the Cell

quarta-feira, dezembro 20, 2017

Retirada de circulação de artigo proeminente vindica Stephen Meyer e o Signature in the Cell




Ann Gauger acertou na mosca ontem com a notícia de uma grande retirada de circulação de um artigo de 2016 de Jack Szostak, laureado com o prêmio Nobel, da Escola de Medicina de Harvard, no Nature Chemistry. Ele e sua aluna pós-doc Tivoli Olsen, que demonstrou que seus resultados não podiam ser duplicados, merecem elogios pela integridade e autocorreção.

De interesse, também, é que a retirada de circulação serve para vindicar um argumento que Stephen Meyer fez em 2009 no seu livro Signature in the Cell. Vide, especialmente o capítulo 14 (“The RNA World”) que discute o trabalho de Szostak. É óbvio, o artigo de 2016, não foi considerado lá por Meyer. Mas na ocasião, a crítica sugeria que Szostak e outros estavam rapidamente chegando a uma solução ao problema da origem da vida com o “princípio da autorreplicação do RNA” promovido por Szostak, por exemplo, em um artigo na Scientific American de 2009. Após a publicação do livro de Meyer, Szostak mesmo criticou o “DI anti-evolução” por “negação” da ciência. Ele destacou, “este tipo de negação é uma coisa perigosa; a negação da realidade é extremamente ruim para o futuro de nosso país (e de nosso mundo).”

Assim nós soubemos. Mas sua solução preferida para a origem da vida, “replicação não enzimática do RNA”, existe no que parece ser um horizonte sempre recuando. Szostak e seus colegas escreveram:

A replicação não enzimática do RNA é tida como tendo sido um processo crítico necessário para a origem da vida. Uma dificuldade não resolvida com a replicação não enzimática do RNA é que a copiagem modelo dirigida do RNA resulta em um produto de cadeia dupla. Após a separação da cadeia, o rápido anelamento da cadeia sobrepuja a copiagem lenta do modelo não enzimático, o que torna as múltiplas séries de replicação do RNA impossível. Aqui nós demonstramos que os peptídeos de oligoarginina reduzem o anelamento de oligorribonucleotídeos até diversos milhares de vezes; todavia, os iniciadores curtos e os monômeros ativados podem ainda se ligar às cadeias modelares e a extensão primária do modelo direcionado pode ainda ocorrer, tudo dentro de um estado condensado de fase separada ou coacervado. Além disso, nós demonstramos que dentro desta fase, ocorre a copiagem parcial do modelo mesmo na presença de cadeias complementares completas. Este método para capacitor mais séries de replicação sugere um mecanismo pelo qual peptídeos curtos não codificados  poderiam ter realçado a aptidão celular primeva, e potencialmente explica peptídeos codificados mais longos, isto é, as proteínas, chegaram à prominência na biologia moderna.

Este é o resultado que agora foi retirado de circulação.

Meyer escreveu no seu livro Signature in the Cell, seguindo uma análise da pesquisa de Szostak:

Como eu tenho investigado vários modelos que combinaram o acaso e a necessidade, eu tenho percebido um crescente sentimento de futilidade e frustração surgindo entre os cientistas que trabalham na origem da vida. Como eu pesquisei a literatura, tornou-se claro que esta frustração vem crescendo há muitos anos.
Eu comecei a refletir sobre o fracasso dessas simulações para explicar o enigma do DNA sem a direção dos cientistas inteligentes. Eu me perguntei se eles não tinham inadvertidamente fornecido evidência para uma abordagem radicalmente diferente ao problema de informação biológica. Isso me levou de volta onde eu tinha começado — à ideia de design inteligente e a uma consideração do caso científico a seu favor.

Foi isso exatamente que aconteceu com a história de retirada de circulação do artigo. Szostak, por sua própria admissão estava “incrivelmente animado” pelo resultado de seu trabalho. Mas como o Retraction Watch noticiou, “a equipe tinha interpretado mal os dados iniciais.” Foi “definitivamente embaraçoso”, como Szostak admitiu. “Em retrospecto, nós estávamos totalmente cegos por nossa crença”. Novamente, como a Dr. Gauger destacou, sua honestidade deve ser louvada.

Mas o que é ser “cego” pela “crença”? Eu ouço um eco de seu comentário sobre o design inteligente e seu perigo, ao qual ele adicionou o comentário, “Eu creio que sistemas de crença baseados na fé são inerentemente perigosos, pois eles deixam o crente suscetível a manipulação quando o ceticismo e a inquirição são desencorajados”.

Todavia, como agora ele admite, foi a sua própria equipe que foi enganada pela “crença”.

Entretanto, a comunidade da origem da vida, o significado do que Meyer chamou de “futilidade e frustração” persiste. E o livro Signature in the Cell permanence o guia preeminente em explicar a perplexidade dos cientistas da origem da vida, enquanto propôs uma abordagem alternativa. Alguém deseja, como Brian Miller disse hoje, que eles deixassem de lado o viés materialista, adotem “ceticismo e inquirição” e considerar seriamente aquela alternativa.

Foto: Jack Szostak, by Markus Pössel (Mapos) (Own work) [CC BY-SA 3.0], via Wikimedia Commons.